Mais uma vez, Jair Messias se envolve num emaranhado de mentiras com a clara intenção de confundir a opinião pública e dificultar as investigações que se seguem ao rumoroso caso das joias sauditas, que na versão oficial são um presente de R$ 16, 5 milhões dado pelo governo saudita para Michelle Bolsonaro. A outra versão mais factível é de que as joias sejam na verdade objeto de uma propina.
Um ofício encaminhado como última cartada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para resgatar as joias apreendidas pela Receita Federal diz que “os bens foram ofertados ao presidente da República pelo reino da Arábia Saudita”. O documento obtido pelo Estadão foi enviado três dias antes do final da gestão do então presidente, e é assinado pelo tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens e “faz-tudo” de Bolsonaro.
O documento 736/2022/GPPR-AJO/GPPR é explícito em “determinar desde já que os bens sejam retirados” pelo primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva por ordem do gabinete da presidência. Logo em seguida, Jair fugiu para os EUA, sem passar a faixa presidencial e onde se encontra até os dias atuais.
O ofício envolve diretamente Bolsonaro nas tratativas para reaver os diamantes. A ordem foi dirigida ao ex-secretário da Receita Federal Julio Cesar V. Gomes, que, no mesmo dia, determinou à Superintendência da Receita em São Paulo para que fosse acatada e as joias devolvidas.
Os diamantes presenteados pelo regime saudita foram apreendidos pelo Fisco porque tentou entrar de forma ilegal, na mochila do assessor do ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, em outubro de 2021.
A determinação para busca das joias na RF em Guarulhos foi dada pelo tenente-coronel Mauro Cid, que executava todas as ordens do ex-presidente, cuidava de seus papéis, discursos e demandas pessoais e o acompanhava praticamente o tempo todo, na rotina do Planalto, nas viagens e até nos debates presidenciais de 2022, dando sugestões, apresentando documentos e dados.
Registro da FAB do voo do 1º sargento da Marinha para buscar as joias de Michelle a pedido do presidente Jair Bolsonaro Foto: Redação
No Aeroporto de Guarulhos, o militar encontrou o servidor da Receita Marco Antônio Lopes Santanna. O documento apresentado fazia referência a um “Termo de Retenção de Bens” relacionado a joias. Santanna esclareceu que não tinha nenhuma informação sobre o assunto e disse a Jairo que não iria entregar nada. Preocupado, o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva deu início, então, a uma conversa pelo celular com alguém a quem se referia apenas como “coronel”. Na frente de Santanna, sugeria ao auditor-fiscal da Receita que ele conversasse com o “coronel”. Santanna, porém, resistiu novamente, e informou que não havia possibilidade de fazer aquele tipo de atendimento pelo telefone.
Na alfândega o emissário do presidente tentou dar carteirada e usou nomes de autoridades em vão, diante de um servidor íntegro que não se intimidou com a pressão e impôs o regulamento e o trâmite que todos devem seguir, sem exceção. O emissário de Bolsonaro, então, exibiu um “Termo de Retenção” emitido pela Receita, na tela de seu celular. Santanna respondeu que não teria como ajudar.
Desesperado, o emissário então abre o jogo sobre a saída do então presidente do poder e a “necessidade” dele em levar tudo que fora ganho antes da posse. Jairo disse ao agente da Receita que aquilo tudo fazia parte da troca de governo e que “não pode ter nada do antigo pro próximo, tem que tirar tudo e levar”.
O ex-secretário da Receita foi nomeado no dia 30 de dezembro de 2022 adido da Receita em Paris. Nada mais suspeito do que uma promoção ou transferência na véspera da posse do novo governo para que alguém fosse servir em paris na França. Nada mal, pensariam 99% dos brasileiros.
Os registros oficiais da FAB mostram que o emissário do presidente voltaria a Brasília em um voo comercial, e não mais em uma aeronave da FAB. Caso tivesse conseguido retirar as joias em São Paulo, portanto, os itens não passariam pelo setor de voos internacionais do aeroporto de Brasília.
Dos Estados Unidos, onde está desde 30 de dezembro, o ex-presidente Bolsonaro negou que tenha havido irregularidades na tentativa de trazer joias de valor milionário da Arábia Saudita. Ele se defendeu do caso, afirmando que não pediu, nem recebeu o presente. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a quem o item mais valioso do presente seria endereçado, também negou ter conhecimento das joias e ironizou o ocorrido. As joias seguem apreendidas até hoje no cofre da Receita, em Guarulhos.
Uma família que mente unida há 35 anos na vida pública, permanece unida durante todo esse tempo. As mentiras que começaram na rachadinha e levaram os familiares a ter 107 imóveis, se impregnou da coisa pública. Justamente quem a patuleia acreditou ser a redenção contra a corrupção, se transformou em um mísero usurpador de leis e regras vigentes. Mas, tudo joia para quem anda passa pano para o Mito.
Autor:
Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão
Pública.
Um comentário:
Tem muito caroço nesse angu e espero que seja esclarecido. Um escândalo atrás do outro e ainda existe quem defenda a família. Triste país.
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