Como disse Arnaldo Galvão em sua página do Twitter: “O capitalismo no Brasil é uma piada. Você pode pegar uma empresa sólida como a Americanas, saquear e mandar a conta para o governo. Com o saque, você compra a Eletrobras e aumenta o preço de tudo. E ainda é considerado um empresário de sucesso”.
Uma análise perfeita, que infelizmente nossa sociedade nunca se deu conta ou pensou em fazer. Nem o mercado financeiro nem os pseudo jornalistas da grande mídia escrevem uma linha sobre os golpes perpetrados contra a União, porque estão banhados de ideologia rasteira que os cegam e os conduzem pela escuridão do saber.
Uma parcela da sociedade, mídia e mercado financeiro vivem, respiram e agem em função de criticar e demonizar os partidos de esquerda. Entretanto, agem com cumplicidade aos desmandos promovidos pela direita ao longo dos muito governos em que o segmento esteve à frente do país. A esquerda esteve à frente dos nossos destinos por menos de quinze anos, a direita por cerca de 119 anos.
Não precisa ser gênio para perceber que a corrupção sempre esteve ao lado da direita, que não tem projetos nem governa para o povo, mas sim para sua elite financeira, os ricos e os banqueiros.
O Brasil é um país historicamente autoritário, regido por um capitalismo selvagem, fundado na desigualdade e no parasitismo. As classes privilegiadas, que astuta e ocultamente instrumentalizam as leis em seu benefício desde o colonialismo, reproduzem os seus privilégios injustos, distribuindo a maior parte da renda nacional assim como os melhores empregos aos privilegiados, ficando as classes inferiores condenadas a reproduzirem sua exclusão e humilhação cotidianas.
Por força da nossa herança histórica, quase 70% do PIB brasileiro continua com os poucos privilegiados. O que sobra é dividido para os outros 202 milhões de brasileiros. É o retrato da miséria e da iniquidade. As classes inferiores compreendem a classe trabalhadora precária (classe C, chamada erroneamente de classe média) assim como os excluídos da felicidade geral da nação (chamados de “ralé”, provocativamente, pelo escritor Jessé Souza).
Nossas quatro classes sociais, consequentemente (segundo o mesmo autor) são:
(a) no topo da hierarquia temos as pessoas com muito dinheiro e um estilo de vida e compreensão de mundo marcado pelo consumo material (são os endinheirados que somam 1% da população, mas controlam mais de 50% do PIB nacional, sob a forma de juros, lucros e renda);
(b) a segunda classe privilegiada é a média, caracterizada por se apropriar de outro capital decisivo na competição social: o cultural (além dos capitais econômico, social, relacional, emocional etc.);
(c) na parte de baixo da hierarquia social, onde está a maioria da população brasileira [mais de 50%], temos uma grande classe trabalhadora precária, super explorada e, em grande parte, informal; (d) ainda mais embaixo estão os excluídos [cerca de 30% da população].
Não à toa, os deputados e senadores eleitos com dinheiro dos ricos, empresários e da elite financeira (Mercado), legislam a favor deles e nunca em benefício do conjunto da sociedade. O que explica o país não ter o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)? Enquanto o IRPF pune os trabalhadores e a classe média, sem ter correção dos benefícios por anos e com a tabela mais cruel que se possa imaginar.
Nosso capitalismo é uma piada, selvagem, tem lado, nome e beneficiários. Pisa sobre os mais pobres que vivem sem poder de compra, o que na prática é um tiro na própria perna, mas eles não se importam com isso, querem lucrar, sonegar e desfrutar de Miami...
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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