É muito difícil você vencer a injustiça secular,
que dilacera o Brasil em dois países distintos:
o país dos privilegiados e o país dos despossuídos.
Ariano Suassuna
É comum após um desastre aéreo que equipes de resgate da Aeronáutica, através do pessoal especializado do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), busquem a caixa-preta do avião. Encontrar este equipamento é fundamental para esclarecer as causas do acidente e tomar medidas para que eventos semelhantes não ocorram novamente.
A caixa-preta é composta por dois equipamentos separados: o Cockpit Voice Recorder (CVR) e o Flight Data Recorder (FDR).
O primeiro grava todo o áudio captado na cabine de comando do avião por meio de três microfones: um do comandante, outro do copiloto e um terceiro instalado na parte superior do painel. O outro dispositivo armazena todos os dados da aeronave durante o voo, como velocidade, altitude, condições climáticas, curvas, posições dos manetes de acelerador, entre outros parâmetros que permitem recriar a trajetória completa da aeronave em softwares de computador.
Todos os governos nas três esferas do poder executivo no Brasil (Municipais, Estaduais e Federal) deveriam ser obrigadas a possuir um equipamento similar a este que pudesse armazenar tudo que é realizado e falado pelos prefeitos, governadores ou presidente. Isso porque, em pleno século XXI, vivemos a pandemia das fake news, que deturpam ideias e informações, levando desinformação à população, que fica sem a transparência nos assuntos que são vitais.
Na saúde pública, temos centenas de vídeos, áudios e matérias espalhados em redes sociais, whatsapp, rádio e televisão mentindo sobre medicamentos que nunca foram indicados para o tratamento da Covid-19. Mesmo assim, a insistência perdura até hoje, dois anos depois do início da pandemia no país, chegando ao ponto de o governo federal querer alterar a bula do remédio cloroquina, para poder indica-lo ao tratamento preventivo da covid.
Ainda no campo da saúde, vereadores, deputados, senadores, alinhados com Bolsonaro, fizeram e continuam fazendo campanha contra a vacinação no país. Em especial, no caso da vacinação infantil. Foram contra uso de máscaras, isolamento social, vacinas e obviamente são contra o passaporte vacinal.
Mas, os problemas não se restringem às mentiras propagadas por fake news, desde a campanha eleitoral que elegeu Bolsonaro e muitos deputados e senadores em 2018. Temos outros problemas que precisariam ser averiguados com o uso de uma caixa preta. O orçamento da união tem agora uma parte denominada de “secreto”, onde recursos são distribuídos aos amigos, parentes de deputados e senadores alinhados com o mesmo Bolsonaro. Um crime contra o país, mas que ser tornou algo normal na ótica bolsonarista.
As emendas parlamentares é outra aberração, que alimenta a corrupção, compra parlamentares e desvia recursos dos munícipios que realmente precisam deles para tantas coisas importantes.
Essa caixa preta dos aviões na verdade tem a cor laranja para facilitar sua busca em acidentes aéreos. No caso brasileiro nos governos ela teria que ser da cor roxa, simbolizando a vergonha que muitos tem ao saber da verdade sobre aqueles em que votaram e apoiaram muitas vezes durante quatro ou oito anos, acreditando em suas mentiras, falácias e pensando ter feito o melhor negócio com seu voto.
A Receita Federal comprou os mais modernos e potentes computadores para poder cobrar impostos da sociedade (menos dos ricos), por que então não termos um super computador para ser utilizado de caixa preta? Com certeza isso facilitaria o trabalho da justiça nos casos de desvios de verba e finalidade, rachadinhas e sonegações fiscais dos governantes.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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