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1 de março de 2022

Explorando domínios alheios!

Estou revendo os episódios da consagrada série COSMOS, a original de 1980, apresentada por Carl Sagan. A exploração espacial é um dos temas e são traçados paralelos com a expansão marítima do século XV. Nossa espécie tem necessidades de ampliar o território em que vive, talvez por um impulso natural de sobrevivência, ou pela criação de medos e circunstâncias que nos levem a outros domínios. No popular dizemos que o olho do caipira é grande quando se coloca uma pessoa frente a possibilidades de possuir terras para viver e plantar. A posse e o uso da terra são fundamentos de sistemas econômicos e foco de conflitos de várias naturezas. Sempre se dirá que há um dono do espaço e um invasor. A definição de quem é quem fica sempre por conta da história e de quem a conta, quase sempre depois de vencer uma guerra. Ao menos no espaço sideral ainda não nos deparamos com proprietários alienígenas, bastando-nos os que por aqui existem. #IniCiencias

Nessa toada de domínios e territórios, o centenário da Semana de Arte Moderna me despertou para a necessidade de algo legitimamente brasileiro que fosse a marca do modernismo e a única coisa genuína é a cultura indígena. Ou as culturas, múltiplas que são. Dirá o estudioso, à luz do que Darcy Ribeiro nos legou, que O Povo Brasileiro foi plasmado de outra forma, resultando em divisões sociais complexas. Há apenas um povo? Somos diversos, diversificados e divergentes. Mas deixo claro que o conhecimento antropológico me é distante, ficam as opiniões e visões reflexivas das vivências tidas e apreendidas. Quanto aos meus domínios territoriais, a preocupação maior é admirar os beija-flores e borboletas que vêm nos flamboyanzinhos em frente de casa e entender por que a primavera no vaso não se desenvolve. Os gatos perambulam por todas essas áreas, culpados talvez que sejam pela urina que deixam perto das plantas. Parece que transferi parte desse dilema ao meu livro Transformações na Terra das Goiabeiras, pois ele recebeu um comentário de minha professora de Geografia da saudosa escola quando a presenteei com um exemplar: o título diz respeito a território e essa é minha especialidade.

Nas reportagens televisivas da líder de audiência sobre o conflito na Ucrânia, citam a anexação da Criméia pela Rússia em 2014, mas não dizem que aquela península havia sido transferida à Ucrânia em 1954, quase como uma doação soviética para celebrar a paz. Lapso ou interesse? O argumento de reunir no mesmo país os falantes de uma certa língua ou que tenha cultura baseada naquela região é o mesmo dos nazistas ao pregarem uma só Alemanha, anexando, de imediato a Áustria e servindo de justificativa para invadir a então Tchecoslováquia. Depois sabemos o que aconteceu. Concluo que, primeiramente, para assistir ao noticiário, preciso ter uma mapa-múndi às mãos. Outra guerra, novas informações desencontradas. O famoso jogo de estratégia War já colocava toda a região da Ucrânia sob o nome Moscou, talvez considerando somente o aspecto histórico, sem se preocupar com as nuances locais posteriores. Sim, jogo e gosto muito de jogar. Era uma tradição em família, bem mais rara agora devido aos poucos encontros e mudanças de interesses. No jogo, a força vem dos dados e exércitos de plástico, não de pessoas de carne e osso e armamentos de chumbo e outros metais.

Autor: Adilson Roberto Gonçalves – Blog dos Três Parágrafos.

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