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16 de abril de 2021

Não são ONGs nem estrangeiros - Nome é Grileiros!

 O desmatamento com a consequente destruição do Pantanal, Matas, Áreas de Preservação Permanentes – APPs e da Floresta Amazônica com a finalidade de grilagem, venda ilegal de madeiras e especulação imobiliária é o que está por trás do chamado Plano de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, uma das muitas mentiras que Bolsonaro sustenta desde sua campanha em 2018.

  Desde sua posse e da indicação do ministro Ricardo Salles na pasta de meio Ambiente, o Brasil vem sofrendo um desmonte no Ibama e em todos os órgãos de proteção do meio ambiente e do povo indígena. Fiscais são demitidos, transferidos e as multas canceladas sem que nenhuma autoridade da Justiça ou do MPF questione essas barbaridades.

Em 18 de março Bolsonaro disse através da Agência Brasil: “O setor público é um ator decisivo no processo de desenvolvimento sustentável da Amazônia. O fundo atuará em respeito às prioridades nacionais e aos interesses soberanos de cada país. Mas não podemos abrir mão da versatilidade, da inovação e da capacidade de investimento da iniciativa privada, que será fundamental na realização de projetos”.

Muitas mensagens de fake news foram distribuídas pelos Xiitas bolsonaristas acusando ONGs e até países como a França por estarem tentando “roubar” a Amazônia do Brasil. Porém, a verdade é uma só – isso é mentira para disfarçar o que está acontecendo há dois anos naquela região do país.

No começo deste mês, o Ibama divulgou uma nota lacônica para informar que havia identificado e multado o "chefe do esquema criminoso" de grilagem de terras indígenas na Amazônia. Em poucas linhas, o órgão informou que o infrator havia sido multado em nada menos que R$ 105,5 milhões, por ter desmatado uma área equivalente a mais de 21 mil campos de futebol em uma terra indígena no Pará. O Ibama só não identificou na nota, quem era o maior grileiro de terras do País.

Trata-se de Jassonio Costa Leite, um empresário de Tocantins que mantém relações diretas com políticos em Brasília, frequenta gabinetes no Congresso Nacional e é apoiador do presidente Jair Bolsonaro, já tendo conversado com o chefe do Executivo em suas paradas matinais no "cercadinho" do Palácio do Alvorada, local onde o presidente reúne defensores de seu governo (Xiitas) na saída da residência oficial.

Esse empresário foi autuado após investigações realizadas pelos agentes do Ibama, que recolheram uma série de depoimentos e denúncias anônimas durante ações de fiscalização realizadas desde o início de 2019. Este, segundo o órgão, lidera um grupo formado para invadir terras indígenas, fazer seu loteamento e vender as áreas dentro do território protegido. O empresário foi um dos principais responsáveis pelo processo de grilagem da terra indígena Ituna-Itatá, localizada no município de Senador José Porfírio, no Pará. A região registrou um dos maiores índices de desmatamento ilegal em toda Amazônia entre 2018 e 2020.

Em abril do ano passado, quando o Ibama realizou uma megaoperação de combate ao desmatamento na região, Jassonio recorreu ao apoio de políticos para tentar barrar a ação. O senador Zequinha Marinho (PSC-PA) recebeu o empresário e sua filha. O senador até gravou um vídeo para criticar o Ibama e dizer que estava recorrendo ao governador do Pará, Helder Barbalho, para dar fim à operação. Na gravação, o senador disse que o governo paraense e sua Polícia Militar não podiam "dar cobertura a servidor bandido e malandro como esse pessoal do Ibama". Ao lado do senador, Jassonio agradeceu pela "tamanha coragem de correr atrás para tentar resolver a situação".

O senador Zequinha Marinho (PSC-PA), ao lado de Jassonio Costa Leite, em vídeo xingando agentes do Ibama de servidores bandidos e malandros Foto divulgação Senador Zequinha Marinho

As imagens dessa operação, com tratores e máquinas de grande porte incendiadas no meio da floresta, ganharam repercussão nacional. A destruição dos equipamentos incomodou Bolsonaro, que é radicalmente contra a destruição de máquinas apreendidas no combate a crimes ambientais, apesar de a prática ser prevista em lei há anos. Bolsonaro condenou a ação e cobrou respostas. Dias depois, Ricardo Salles exonerou o diretor de proteção ambiental do Ibama, Olivaldi Alves Borges Azevedo, além dos coordenadores de fiscalização e operações Renê Oliveira e Hugo Loss.

O bandido é amigo dos políticos, e os servidores cumpridores da lei e da ordem são os punidos na gestão de Bolsonaro. Isso nunca aconteceu em gestões passadas de Temer, Dilma, Lula, FHC, Sarney ou até da Ditadura Militar.

O processo ficou um ano parado no Ibama até culminar nas multas aplicadas na semana passada. Desde abril do ano passado, as investigações já apontavam Jassonio como o líder do esquema de invasão da terra indígena. Foi identificada ainda a tentativa de erguer uma vila dentro do território, além de uma ampla transferência de títulos de eleitor, como forma de consolidar a ocupação e criar vínculo dos invasores com o poder público local. Esses fatos vêm corroborar um governo de mentiras, desfaçatez, que aprova o desmatamento, incentiva-o com apoio de latifundiários e bandidos a luz do dia. Usando seu governo contra os fiscais e todos aqueles que se levantam contra essas barbaridades cometidas por Jair Bolsonaro. 

Jassonio Costa Leite foi um dos principais responsáveis pelo processo de grilagem da terra indígena Ituna-Itatá Foto Fábio Nascimento - Greenpeace

Ao mesmo tempo Bolsonaro e Salles tem a ousadia de pedir recursos aos americanos para “proteger” a Amazônia que está sendo destruída pelo seu governo. Em reunião com representante de Biden, governo diz que precisa de apoio para combater desmatamento. Mas há dúvidas do governo americano, e com razão, sobre a seriedade da proposta. Afinal de contas, em 2019 Bolsonaro travou um bilionário Fundo Amazônia e atacou os doadores europeus. Faziam parte do Fundo Noruega, Alemanha e França.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

https://www.dw.com/pt-br/brasil-quer-dinheiro-dos-eua-para-preservar-amaz%C3%B4nia/a-56630448  

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