No Brasil é interessante notar que existem coisas, sejam pessoas ou instituições que ao mesmo tempo são odiadas pela esquerda assim como pela direita. Fica difícil entender esse tipo de reação, exceto se o mesmo fosse de um espectro ideológico de centro, o que não é necessariamente o caso.
A Globo é chamada de lixo tanto pela esquerda, que não a perdoa pelo tratamento dispensado a Lula, Dilma e ao PT de forma geral. A direita bolsonarista que, insuflada por Bolsonaro, também se refere a emissora como Globolixo.
Outro caso na mídia é a Folha de SP que pelos mesmos motivos é odiada por Bolsonaro porque investigou e descobriu funcionária fantasma que recebia pelo gabinete do então deputado, mas nunca apareceu para trabalhar em Brasília. A esquerda também odeia a mesma Folha de S. Paulo pelos mesmos motivos que odeia a Globo.
O STF é odiado pelo petismo porque conduziu mensalão e o impeachment de Dilma Rousseff. Já o bolsonarismo odeia o STF porque acredita que aquela corte prejudica o presidente, algo que não é verdade.
Na prática tudo que beneficia o PT ou algum partido de esquerda é imediatamente odiado pela direita. O inverso é verdadeiro. Os fanáticos não se preocupam em analisar fatos, mas sim em destruir biografias e currículos.
Nas eleições de 2018 para a presidência, ocorreu em São Paulo um fenômeno que explica um pouco dessa situação. As campanhas de Jair Bolsonaro e João Dória se cruzaram e tiveram a ideia de unir “forças”. Seus marketeiros então criaram a chapa “BolsoDória” que varreu os votos dos incautos e dos conservadores do Estado no segundo turno.
Após a posse, passados alguns meses, o Tosco percebeu que Dória tinha o sonho de ser candidato a presidência em 2022. Isso foi o suficiente para que Bolsonaro o transformasse junto aos seus eleitores no maior inimigo do país, esquecendo momentaneamente a esquerda, o PT e Lula.
Isso mostra que essa gente (políticos) não tem ideologia nem formação em política pública e são, em sua maioria, conservadores, atrasados e completamente alienados. Vivem, comem e pensam apenas no poder central do país. Seus eleitores são igualmente alienados, embora desconheçam o que é o comunismo, são leitores de WhatsApp e alimentam sua cultura através das redes sociais onde se abastecem via Fake News.
Como esperar que nosso país possa ser uma grande nação um dia se nossos eleitores não sabem ou não querem entender que numa democracia é absolutamente normal a convivência com espectros ideológicos de direita, esquerda e centro?
Como
ter esperança num país onde os políticos legislam em causa própria ou de seus
apoiadores financeiros, sem olhar para as verdadeiras causas populares? O
divórcio entre aquilo que a sociedade precisa e o que os políticos pensam é do
tamanho do sol.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário