Quando as bandeiras
dos partidos
substituem os
valores de nossa consciência,
a vida e a
inteligência naufragam.
Rute de Aquino
Existe na Câmara Federal um grupo de
deputados que formam a chamada Bancada Evangélica. São eleitos utilizando um
falso discurso de defesa da família brasileira, lutando contra aborto,
ideologia de gênero, entre outras coisas. Porém, além de não usarem seus
mandatos a favor do povo, se omitem na discussão de questões fundamentais como a
redução da carga tributária, o desemprego de milhões, desenvolvimento
sustentável, saúde pública e educação. Só aparecem em temas polêmicos usando a Bíblia
em detrimento da Constituição Federal.
A isenção fiscal dos templos e igrejas é
a grande missão destes parlamentares. Conseguir o perdão da dívida bilionária
para seus suntuosos templos religiosos, permitindo que seus líderes possam disponibilizar
mais recursos para adquirir iates, mansões, automóveis de luxo e o envio de
dinheiro para contas no exterior é a tarefa suprema.
Uma prova viva dessa situação espúria é Edir
Macedo possuir uma mansão nababesca com quase 4000 metros quadrados de área
construída, isenta de IPTU, pois está no nome da Igreja Universal.
De acordo com uma matéria de 2009
publicada pela Gazeta do Povo, o Bispo Edir Macedo desfruta de uma mansão de
quatro andares, 18 suítes e elevador panorâmico na estância turística de Campos
do Jordão, em São Paulo. Foi avaliada em cerca de R$ 4 milhões e construída por
operários que são também fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus.
Conhecido em Campos do Jordão como a
“mansão do Edir Macedo”, o imóvel está registrado no Cartório de Registro de
Imóveis local e foi alienado como garantia de um empréstimo de R$ 8,2 milhões
feito junto ao Bradesco em 2007. Embora o beneficiário do empréstimo seja a
própria igreja, o objetivo do financiamento é obter “capital de giro”, segundo
certidão registrada no Cartório de Registro de Imóveis de Campos do Jordão.
O montante da dívida que os deputados
querem perdoar de acordo com cálculo da oposição, seria suficiente para pagar o
auxílio emergencial de R$ 600 a 1,6 milhão de pessoas. A
Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional recomenda a rejeição da proposta.
Se pudéssemos fazer um levantamento em
relação aos bens dos Pastores Silas Malafaia, R.R Soares (cujo filho é o autor
da emenda que isenta as Igrejas no pagamento de R$ 1 bilhão), Waldomiro, e
tantas outras figuras proeminentes deste segmento, perceberíamos o quanto eles
ficaram ricos às custas dos fieis incautos e da benevolência do governo.
Se os recursos fossem utilizados apenas
e tão somente no âmbito das igrejas e convertidos para auxiliar os pobres, a
discussão seria outra. Não é isso o que ocorre, os bens materiais são
adquiridos para uso próprio em nome das Igrejas.
A questão, entretanto, já esteve em
outro momento sob escrutínio do presidente. De acordo com apuração do jornal
Estado de S. Paulo, o presidente pediu ao secretário especial da Receita
Federal, José Barroso, uma solução para as dívidas tributárias de igrejas. O
pedido foi feito em um momento em que o próprio presidente já fazia constantes
alertas sobre as dificuldades financeiras do País.
A conversa sobre a busca de uma solução
ocorreu em reunião no Palácio do Planalto que contou com a presença do deputado
Davi Soares (DEM-SP), filho do pastor missionário Romildo Ribeiro Soares. Mais
conhecido como R. R. Soares, o pai do deputado fundou a Igreja Internacional da
Graça de Deus, que é considerada uma dissidência da Igreja Universal do Reino
de Deus. A igreja de R. R. Soares — que é cunhado de Edir Macedo — tem uma
dívida de R$ 127 milhões com a Receita Federal, de acordo com informações
obtidas pela Agência Pública por meio da Lei de Acesso à Informação, referentes
a agosto do ano passado.
Esse modus operandi é também seguido
por donos de universidades privadas e grandes conglomerados que não recolhem
um centavo de imposto de renda, pois toda fortuna está em nome das suas
instituições.
O governo sabe, a Receita Federal sabe,
porém, não fazem nada, preferindo ser rigorosos com os que trabalham
honestamente, a classe média, comerciantes e pequenos empresários que são
explorados com tantos impostos.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário