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2 de junho de 2019

Neuroestimulação contribui para afinar a 'sinfonia cerebral'!

Estudos recentes mostram grande avanço em tratamentos que envolvem estímulos elétricos para restaurar funções cognitivas!
A pesquisa sobre a estimulação cerebral está avançando tão rapidamente, e as descobertas são tão intrigantes que aqueles que seguem o assunto estão lutando para dar sentido a tudo isso. No mês passado, cientistas relataram melhorar a memória de trabalho de pessoas mais velhas, usando corrente elétrica passada por uma calota craniana e restaurando algumas funções cognitivas em uma mulher com danos cerebrais por meio de eletrodos implantados. 
Mais recentemente, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) aprovou um estimulador do tamanho de um smartphone para aliviar problemas de déficit de atenção ao fornecer corrente elétrica com o auxílio de um adesivo colocado na testa.
No ano passado, outros cientistas disseram que também criaram um implante cerebral que aumenta o armazenamento de memória. E um grupo de pessoas da subcultura do tipo "faça você mesmo” resolveu experimentar colocar eletrodos em seus crânios ou testas para o "ajustar" o cérebro e fazê-lo continuar a crescer.
Vale a pena observar o campo da neuroestimulação porque sugere propriedades elementares da função cerebral. Ao contrário das drogas psiquiátricas, ou psicoterapia, pulsos de corrente podem mudar o comportamento das pessoas muito rapidamente e de forma confiável.
Os cientistas costumam assemelhar a função cerebral a uma sinfonia. "Se você assistir a uma orquestra tocando, uma vez que a apresentação começa, o violoncelista está olhando para a pessoa ao seu lado e não para o maestro", disse Michael Gazzaniga, psicólogo da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara. "A questão para mim é: o cérebro tem um condutor?".
O método mais cru de intervenção elétrica é a eletroconvulsoterapia, ou ECT, que envia uma corrente indutora de crises através do cérebro, proporcionando pelo menos um alívio temporário para algumas pessoas com depressão severa. Os médicos usaram ECT por quase um século, embora o tratamento seja controverso. ECT é como interromper o desempenho da orquestra e mandar os músicos para casa descansar um pouco e voltar renovados.
Uma forma mais direcionada de terapia elétrica, chamada de estimulação cerebral profunda, ou DBS (do inglês Deep Brain Stimulation), tem sido usada para gerenciar condições como a doença de Parkinson e a epilepsia. Na DBS, um eletrodo é enfiado na área do cérebro afetada; a fim de estimulá-lo e, paradoxalmente, eliminar a atividade ali.
Os recentes estudos de estimulação cerebral empregam uma técnica distinta da ECT ou da DBS, mas que ainda pode ser entendido como uma orquestra. Em um dos estudos, cientistas da Universidade Boston descobriram que poderiam melhorar a memória de trabalho em adultos mais velhos, otimizando o chamado "acoplamento" rítmico entre as áreas do córtex frontal e temporal no cérebro de uma pessoa. No cérebro, as atividades de regiões distantes se coordenam por meio de ondas teta de baixa frequência. 
Os pesquisadores usaram a estimulação elétrica, fornecida por meio de uma calota craniana, para amplificar essas ondas, melhorando a coordenação entre as duas regiões cerebrais e, em adultos mais velhos, melhorando a memória de trabalho. "Acreditamos que o que estamos fazendo é essencialmente sincronizar essas duas áreas separadas", disse Robert M.G. Reinhart, neurocientista da Universidade Boston e um dos autores desse estudo.
Em outro estudo recente, os cientistas descobriram que poderiam atenuar ou reverter os sintomas de fadiga, falta de concentração e confusão mental em uma mulher que sofreu uma lesão cerebral grave 18 anos antes. Eles forneceram corrente constante por meio de dois eletrodos implantados em ambos os lados do tálamo, uma região frequentemente descrita como um comando central do centro do cérebro. Metaforicamente, eles aumentaram o volume. Tradução de Romina Cácia

Autor: Benedict Carey - The New York Times

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