Seguidores

1 de junho de 2019

A PEC 006/2019 da Previdência!

O País assiste à apresentação de versões e discursos políticos sobre a reforma da Previdência sem que o trabalhador, mais uma vez, seja chamado a dialogar sobre a abrangência das medidas. Para colaborar com o necessário debate, separo por tópicos itens que incomodam nessa ardilosa construção de conteúdos sem aprofundamento.
É obrigação do governo e responsabilidade de deputados e senadores pôr à opinião pública os temas mais ácidos, sobretudo os controversos, dessa matéria. Como são muitos os temas, esse texto sugere alguns por tópicos.
1 - a PEC não combate privilégio, exceto a aplicação de alíquota progressiva, mas ancorada no fim da aposentadoria por tempo de contribuição, aumento de idade e prazo de recolhimento e corte no valor de benefícios pelo cálculo sem médias.
2 - a proposta protege o militar em Projeto de Lei com troca por plano de salários.
3 - não leva em conta vida útil ativa por regiões e tipo de insalubres (hoje também não há essa regra).
4 - não mostra o cálculo atuarial para financiar atuais gerações na transição para novo regime (Chile está reparando esse erro).
5 - não demonstra como garantir renda mínima para milhões em país com metade da população economicamente ativa fora do trabalho.
6 - a demografia vai ter aumento de idosos a jovens em apenas 15 anos e o governo tem de fazer a conta e mostrar como vai ser paga a transição (porque este contingente também não vai contribuir mais e não tem renda pra poupar).
7 - por que o governo não ataca ganhos acima do teto recebidos como verba indenizatória , mas de natureza laboral, que formam os grupos protegidos de altos salários em carreiras no Judiciário, Legislativo, Executivo e Judiciário. Qual é esse grupo seleto que não paga nem IR sobre esses ganhos e o governo nem fala deles.
8 - a transição para milhões que trabalharam pelo menos 30 anos até aqui tem de ser de 10 anos para equilibrar, senão é expropriar de quem contribuiu por todo esse tempo e que ingressou cedo no mercado de trabalho.
9 - a capitalização alimenta o sistema privado sem financiar a transição. Não há como pagar ganho para país de miseráveis - o trabalhador não têm de onde tirar para poupar - a saída é gerar emprego e renda, desburocratizar, cortar desonerações do Mantega, reduzir custo sobre folha e com isso previdência solidária se paga (cobrar de quem não paga claro).
10 - quem e como será pago invalidez, acidente trabalho, licença maternidade, etc... Com capitalização?
11 - não adianta falar em estado mínimo e governo isentar ruralistas, liberar multinacionais de petróleo em R$ 1 trilhão de tributos em 10 anos (governo Temer) e anistiar multas e dívidas dos grandes e não tributar dividendos e nem cobrar sobre fortunas.
12 - a medida sobre mulheres, rurais, idosos e professores e duríssima.
A PEC tem de ser ajustada!
Um novo texto tem de ser debatido levando-se em conta pelo menos esses pontos. Quem tem compromisso com seu país analisa mérito e defende o trabalhador e não o sistema financeiro.

Autor: Nelson Itaberá é jornalista e compositor. Publicado no JC Bauru.

Nenhum comentário: