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2 de junho de 2019

Vida de gado, povo feliz!

A dificuldade não está nas novas ideias,
mas sim em escapar as antigas.
John Maynard Keynes

Em plena manhã de domingo, com sol e frio na maior parte do país, uma manifestação popular toma conta de algumas ruas de cidades brasileiras. A manifestação organizada pelo partido do presidente – PSL e aliados tinha como mote “Apoio ao Presidente”, porém, nas ruas a verdade eram gritos de guerra e faixas contra o Congresso Nacional, Rodrigo Maia e David Alcolumbre (presidentes da Câmara e Senado).
O apoio a Sérgio Moro e seu pacote anticrime e a Lava Jato também ecoaram pelas ruas brasileiras. Segundo os especialistas o número de participantes no geral foram inferiores aos que estavam nas mesmas ruas contra o contingenciamento de recursos da educação no dia 15 de maio.
Qualquer manifestação ordeira é sempre democrática e precisa ser considerada no cenário nacional. Entretanto, neste caso em particular, ficam sérias dúvidas. Começando pelo fato de que a Reforma da Previdência não foi votada por ter oposição muito forte ou por falta de empenho de Rodrigo Maia – DEM-RJ.
Três são os fatores a serem considerados:
   1. A reforma da previdência é necessária, porém, este projeto que lá está no Congresso Nacional, penaliza apenas e tão somente o trabalhador celetista, aposentados, idosos, pensionistas. Não acaba com as desigualdades, não elimina os problemas das dividas dos grandes devedores do INSS, não iguala os sistemas da previdência comum e dos servidores, incluindo os militares. A PEC tem de ser ajustada. Um novo texto deveria ser debatido levando-se em conta pelo menos esses pontos. Quem tem compromisso com seu país analisa mérito e defende o trabalhador e não o sistema financeiro.
  2. A escolha do presidente da república para compor sua equipe no que tange a intermediação com o legislativo foi desastrosa. A líder do governo no Congresso é a Deputada do PSL-SP Joice Hasselmann, que vive em guerra até com seus aliados usando principalmente o Twitter, ao invés de privilegiar o diálogo pessoalmente. Onyx Lorenzoni acusado de Caixa 2 é o Ministro da Casa Civil, desprovido de capacidade de diálogo com os parlamentares. Major Vitor Hugo escolhido como líder do governo na Câmara é uma piada de mau gosto, vive brigando com Rodrigo Maia e com os deputados da oposição. Fernando Bezerra (Alvo da Operação Lava Jato) e o Líder do governo no Senado, igualmente aos seus colegas não sabe dialogar e perde tempo importante que não deveria ser desperdiçado.
   3.  Os manifestantes gritaram contra o PT que não é poder a quase três anos. Ergueram faixas contra a esquerda que igualmente não está no poder, mas em geral criticaram fortemente a oposição, como se esta estivesse bloqueando projetos do governo. Esse posicionamento é estranho, na medida em que no Senado temos hoje 10 opositores do governo contra 71 favoráveis. Na Câmara são 97 opositores contra 416 da situação. O PT tem o mesmo número de deputados que o PSL do presidente.
Esses dados deixam claro que mais uma vez, muitas pessoas foram enganadas ou levadas ao erro por políticos, partidos ou lideranças equivocadas pela sua leitura excessivamente ideológica, fora do contexto atual. No dia 15 de maio, manifestantes que saíram as ruas contra o corte dos recursos da educação também cometeram o mesmo erro ao levarem bandeiras com dizeres como “Lula Livre”. O que nada tem a ver com a questão principal naquele momento que era exigir a volta dos recursos para a educação. 
  
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

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