A dificuldade não está nas
novas ideias,
mas sim em escapar as antigas.
John Maynard Keynes
Em plena manhã de domingo, com sol e
frio na maior parte do país, uma manifestação popular toma conta de algumas
ruas de cidades brasileiras. A manifestação organizada pelo partido do
presidente – PSL e aliados tinha como mote “Apoio ao Presidente”, porém, nas
ruas a verdade eram gritos de guerra e faixas contra o Congresso Nacional,
Rodrigo Maia e David Alcolumbre (presidentes da Câmara e Senado).
O apoio a Sérgio Moro e seu pacote
anticrime e a Lava Jato também ecoaram pelas ruas brasileiras. Segundo os
especialistas o número de participantes no geral foram inferiores aos que
estavam nas mesmas ruas contra o contingenciamento de recursos da educação no
dia 15 de maio.
Qualquer manifestação ordeira é sempre
democrática e precisa ser considerada no cenário nacional. Entretanto, neste
caso em particular, ficam sérias dúvidas. Começando pelo fato de que a Reforma
da Previdência não foi votada por ter oposição muito forte ou por falta de
empenho de Rodrigo Maia – DEM-RJ.
Três são os fatores a serem considerados:
1. A reforma da
previdência é necessária, porém, este projeto que lá está no Congresso
Nacional, penaliza apenas e tão somente o trabalhador celetista, aposentados,
idosos, pensionistas. Não acaba com as desigualdades, não elimina os problemas
das dividas dos grandes devedores do INSS, não iguala os sistemas da
previdência comum e dos servidores, incluindo os militares. A PEC tem de ser
ajustada. Um novo texto deveria ser debatido levando-se em conta pelo menos
esses pontos. Quem tem compromisso com seu país analisa mérito e defende o
trabalhador e não o sistema financeiro.
2. A escolha do
presidente da república para compor sua equipe no que tange a intermediação com
o legislativo foi desastrosa. A líder do governo no Congresso é a Deputada do
PSL-SP Joice Hasselmann, que vive em guerra até com seus aliados usando
principalmente o Twitter, ao invés de privilegiar o diálogo pessoalmente. Onyx
Lorenzoni acusado de Caixa 2 é o Ministro da Casa Civil, desprovido de
capacidade de diálogo com os parlamentares. Major Vitor Hugo escolhido como
líder do governo na Câmara é uma piada de mau gosto, vive brigando com Rodrigo
Maia e com os deputados da oposição. Fernando Bezerra (Alvo da Operação Lava
Jato) e o Líder do governo no Senado, igualmente aos seus colegas não sabe
dialogar e perde tempo importante que não deveria ser desperdiçado.
3. Os
manifestantes gritaram contra o PT que não é poder a quase três anos. Ergueram
faixas contra a esquerda que igualmente não está no poder, mas em geral
criticaram fortemente a oposição, como se esta estivesse bloqueando projetos do
governo. Esse posicionamento é estranho, na medida em que no Senado temos hoje
10 opositores do governo contra 71 favoráveis. Na Câmara são 97 opositores
contra 416 da situação. O PT tem o mesmo número de deputados que o PSL do
presidente.
Esses
dados deixam claro que mais uma vez, muitas pessoas foram enganadas ou levadas
ao erro por políticos, partidos ou lideranças equivocadas pela sua leitura
excessivamente ideológica, fora do contexto atual. No dia 15 de maio,
manifestantes que saíram as ruas contra o corte dos recursos da educação também
cometeram o mesmo erro ao levarem bandeiras com dizeres como “Lula Livre”. O
que nada tem a ver com a questão principal naquele momento que era exigir a
volta dos recursos para a educação.
Autor: Rafael
Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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