Não existe um governo corrupto
numa Nação ética,
nem há uma Nação corrupta onde
exista um governo
ético e transparente” Leandro Karnal.
Nos últimos meses a sociedade
brasileira tem discutido muito a questão da obscenidade do pagamento para
membros da alta corte do Judiciário do Auxilio Moradia, benefício que se
estende ao Poder Legislativo mesmo para quem possua residência no mesmo
município ou no Distrito Federal.
O assunto veio novamente à tona quando
Michel Temer autorizou o pagamento do absurdo aumento salarial auto-concedido
pelos membros do STF em 16,3% sobre seus vencimentos. Formando um efeito
cascata devastador para a combalida folha de pagamento do poder público.
Entretanto, existe outro benefício
ainda mais ignóbil e sem sentido que é o Auxílio Mudança. Pago no começo do
mandato dos parlamentares (Deputados Federais e Senadores) e ao final do
mandato, caso os manganões não se reelejam. O valor corresponde a um salário
bruto, sem descontos de qualquer natureza, que hoje equivale a R$ 33.700,00
(Trinta e três mil e setecentos reais).
Em 2019 quando tomarem posse, 298
parlamentares reeleitos em outubro irão receber esta bolada. Vale ressaltar que
mesmo aqueles que estão vivendo no DF, e que se reelegeram, também recebem a
mordomia, como se precisassem fazer nova mudança a cada novo mandato. Mais
espúrio e indecente impossível! A farra da mudança deixará os cofres mais
vazios em cerca de R$ 20 milhões.
Ele deverá ser pago em dobro aos oito
senadores e 270 deputados reconduzidos ao cargo, além dos quatro senadores que
vão para Câmara e dos 16 deputados que fazem o caminho inverso. Alguns, no
entanto, já anunciaram que vão rejeitar o recurso, como é o caso do
senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Ele protocolou um requerimento
de dispensa de recebimento.
Em ambas as Casas, o “penduricalho”
está previsto em um decreto de 2014. Os textos não trazem qualquer restrição
para deputados e senadores reeleitos receberem duas vezes a ajuda de custo, uma
ao deixar o antigo mandato e outra ao assumir o novo. Com isso, os
parlamentares que retornam ao Congresso podem levar cada um, um total de R$
67.526 no início do próximo ano, além do salário e demais auxílios já
concedidos, como o auxílio-moradia.
No Senado, ao todo, 54 senadores vão
receber o benefício ao final desta legislatura, em 31 de janeiro de 2019,
independentemente de terem ou não sido reeleitos para novo mandato. O valor
total a ser pago será de aproximadamente R$ 3,6 milhões, sendo que metade (R$
1,82 milhão) será desembolsada em razão do término dos mandatos e a outra, em
função do início do mandato do mesmo número de senadores.
Ao menos três vão abrir mão do
benefício. Além de Randolfe, também será o caso do senador José
Reguffe (Sem Partido-DF) e do Eduardo Braga (MDB-AM). “Eu fiquei surpreso
quando soube desse auxílio. Eu acho que, com a remuneração que se tem, qualquer
tipo de benefício desse não se justifica. Não tem lógica”, afirmou Randolfe.
A reportagem procurou os oito senadores
reeleitos, mas nem todos responderam se pretendem abrir mão dessa ajuda de
custo. Um dos que admitiu que não irá abrir mão da verba é o
senador Sérgio Petecão (PSD-AC), que utiliza um apartamento funcional
em Brasília. Por meio de sua assessoria de imprensa ele afirmou que não vai
abdicar da ajuda de custo porque o benefício é juridicamente respaldado por um
decreto.
O senador Ciro
Nogueira (PP-PI) também será um dos beneficiados. Quando está em Brasília,
ele utiliza uma casa localizada no Lago Sul, uma das regiões mais valorizadas
na capital. A residência é paga em parte com auxílio-moradia, mas agora o
senador terá também uma ajuda de custo com “mudança”. Questionado por meio de
sua assessoria, o senador não retornou os contatos até a conclusão desta edição
para dizer se iria se mudar ou se abriria mão do benefício.
Mesmo com moradia garantida no ano que
vem no Palácio do Alvorada, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, também
tem direito ao benefício no fim do mandato. Ele está licenciado da Câmara desde
o dia 8 de outubro e pode renunciar ao cargo de deputado até a véspera da sua
posse. Questionada, a assessoria do deputado não informou se ele abriria mão do
valor.
Além deste infame “auxílio-mudança”,
os deputados também têm direito a verba de gabinete para contratação de pessoal
(de R$ 78 mil), auxílio-moradia (de R$ 3.800) e cota parlamentar (que varia de
R$ 30,7 mil a R$ 45,6, dependendo do Estado de origem do parlamentar”. Quando o
“auxílio-mudança” passou a valer, em fevereiro de 2015, diversos deputados
reeleitos e proprietários de imóveis na cidade receberam a ajuda identificada
na folha de pagamento como “vantagem indenizatória”.
Como acreditar em mudanças? Como
sonhar com reformas que venham a corrigir distorções graves? Como pensar que o
Brasil pode ser passado a limpo enquanto esta escória gananciosa estiver
usufruindo de mordomias que os brasileiros que trabalham de verdade por 40 anos
não recebem. Depois temos de ouvir discursos demagógicos falando de reforma da
previdência que visa solapar o bolso dos aposentados tirando dos trabalhadores
seus legítimos direitos.
https://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/so-sete-senadores-abrem-mao-do-auxilio-mudanca/
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
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