Aquele que diz uma mentira não
sabe a tarefa que assumiu,
porque está
obrigado a inventar vinte vezes
mais
para sustentar a certeza da
primeira"
Pope
Finda as eleições, o novo presidente
eleito começa a trabalhar na transição do governo atual de Michel Temer – MDB,
para estar preparado para assumir em janeiro de 2019, sem ter maiores surpresas
dentro da administração federal. Outra preocupação do futuro presidente é
escolher sua futura equipe, seus auxiliares diretos, ministros, secretários,
presidentes de estatais e demais órgãos federais.
Até o momento, estas duas atividades
estão sendo realizadas normalmente, em que pese o discurso de que haverá redução
de ministérios não estar batendo com as indicações e informações disponíveis.
Ou seja, reduzir ministérios não é juntar três pastas dentro de uma nova a ser
criada. Reduzir significa fechar pastas e órgãos federais que se julguem
supérfluos a luz da economia que se pretende realizar.
No governo Sarney havia 24
ministérios, Collor reduziu para 14 em sua curta gestão. Itamar dobrou este
número para 28 pastas. Lula teve em média 33 ministérios e Dilma 39. O novo
presidente diz à imprensa que pretende reduzir os ministérios, porém, ao mesmo
tempo sinaliza que vai criar o Ministério da Família para poder contemplar o
amigo fiel Magno Malta.
E quem é Fabrício José Carlos de Queiroz?
O que ele tem a ver com o novo governo? Seu nome surgiu numa investigação do
COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras, onde foram apontadas
movimentações financeiras suspeitas no valor de um milhão e duzentos mil reais.
Esse valor inclui saques, transferências, créditos em suas contas, entre outras
operações.Ele
era ex-assessor parlamentar e motorista do Senador eleito Flávio Bolsonaro,
além de amigo da família com quem convive há muito tempo.
Boa parte das movimentações
financeiras em que a outra parte é identificada se refere a transações com
membros do próprio gabinete de Flávio Bolsonaro. Sete nomes que constam do
relatório fizeram parte da equipe do deputado estadual. Três são parentes de
Queiroz. Estão na lista Márcia Oliveira de Aguiar (mulher), Nathalia Melo de
Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz (filhas). Todas também integraram em algum
momento o gabinete de Flávio Bolsonaro.
Ex-Assessor pescando com Jair.
Enquanto isso o futuro chefe da casa
civil Onyx Lorenzone se vê as voltas com explicações sobre o recebimento de
propina que se transformaram em Caixa 2, já confessadas pelo próprio Onyx,
oriundas da JBS. Ele inclusive se irritou numa entrevista coletiva
abandonando-a por conta das insistentes perguntas dos jornalistas.
Ainda segundo a investigação da COAF e
seus desdobramentos, parte dela, da Lava Jato que prendeu deputados estaduais
cariocas, R$ 24 mil desse montante foram destinados à atual esposa do
presidente eleito, Michelle Bolsonaro. O caso foi revelado pelo repórter Fábio
Serapião, do jornal O Estado de S. Paulo. Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta,
que o valor se refere a uma dívida pessoal que o ex-assessor e
policial, Fabrício José de Queiroz, tinha com ele.
Em meio a essas denúncias em SP, à
deputada eleita Joice Hasselmann (PSL-SP), trocou farpas pontiagudas e
acusações com o também eleito Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ). A briga
acabou envolvendo o também eleito Major Olimpio (PSL-SP) e a troca de ofensa
entre o Major e a deputada acabou vazando no WhatsApp, o que deixou ainda mais
nervosos os envolvidos.
Para completar a confusão a afilhada
de Magno Malta, sua ex-assessora Damares Alves recém-nomeada para ser a nova
Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, além de ter a FUNAI sob suas
asas no ministério novo a ser formado tem suas afirmações expostas na internet
sobre seus posicionamentos ortodoxos a respeito da mulher, família e da
comunidade indígena.
A simples menção de que a FUNAI
ficaria sob o controle do Ministério de Damares, causou indignação imediata dos
servidores da FUNAI. Ela é vista por eles como uma missionária com atuação
religiosa em aldeias indígenas.
A futura ministra é fundadora da instituição
e Movimento Atini - Voz Pela Vida,
uma organização que se apresenta com a missão de “promover a conscientização e
a sensibilização da sociedade sobre a questão do infanticídio de crianças
indígenas”.
Em 2015, o Ministério
Público Federal no Distrito Federal entrou com uma ação contra
a Atini por “dano moral coletivo decorrente de suas manifestações de caráter
discriminatório à comunidade indígena”, em função da divulgação de um filme
sobre infanticídio indígena feito pela organização. Os procuradores pedem que a
ONG seja condenada a pagar R$ 1 milhão.
Pois é, justamente essa pessoa sem
aparente equilíbrio emocional a indicada por Magno Malta para a escolha de Jair
Bolsonaro, para ocupar um Ministério que terá decisões envolvendo Família,
Mulher, Direitos Humanos e a comunidade Indígena... Se queria fortes emoções
acertou em cheio, caso contrário, irá se arrepender em breve.
Nem bem tomou posse e o novo governo
comandado pelo velho deputado já está à volta com assuntos altamente indigestos
como Caixa 2, investigações da COAF, escândalos envolvendo filhos, brigas entre
partidários do seu partido. Tomará que tudo seja resolvido e nada mais apareça
antes, durante ou depois da posse.Afinal, a promessa e as mensagens de Fake
News diziam outras coisas para os incautos eleitores durante a campanha.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/12/07/politica/1544221154_543473.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário