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20 de janeiro de 2025

Lições das férias!

Caminhando pela calçada à beira-mar, os transeuntes se cumprimentam. Bom dia! Gesto deplorável, segundo os jovens que me acompanham, sentindo até vergonha de estarem em minha companhia. Não aceitam a ideia de ser o mínimo que se espera entre pessoas que civilizadamente apenas estão dividindo, provisoriamente, o mesmo espaço. Mas são desconhecidos, argumenta uma das moças. Sim, mas é por isso que ficamos no bom dia, sem precisar entabular uma conversa sobre a vida mundana de cada um. No Instagram, contudo, falam de si e colocam imagens de tudo o que presenciam - sem necessariamente vivenciar - para qualquer um ver e ler. Meu bom dia é mais inocente e seguro.

Na malemolência de alguns dias na praia, o blog se encurta para respeitar a dimensão da quantidade de leitores. Quantidade, não intensidade, pois eles aí estão e lançam comentários à espera de resposta. A decisão por não responder diretamente foi para não poluir o espaço, mas vez ou outra cito esses abnegados frequentadores. Um deles solicitou meu livro de poemas, mas não deixou endereço ou e-mail de contato, pois entrou como anônimo. "O eu e o outro" foi lançado em 2016 pela Litera Cidade, sem pretensões comerciais, e distribuído bastante e vendido pouco para nichos com os quais tive contato. Foi um cartão de visitas de que restam alguns exemplares. É interessante constatar que algumas dessas doações estão sendo comercializadas na Estante Virtual, com preços entre R$ 5 e R$10. Vale um pouco mais para mim.

Paulo Viana, meu confrade na Academia de Letras de Lorena e o leitor número 1 deste espaço, sugeriu reler Cem Anos de Solidão e ver a série recentemente lançada no streaming. Uma boa medida, mas farei o contrário, assistirei à série e tentarei reler o livro. Minha primeira experiência com a obra foi no colégio, por sugestão de um amigo, que também recomendou fazer de imediato um mapa da árvore genealógica dos Buendía, pois somente assim conseguiria entender o enredo. Eu fui atraído mais pelos quadros do realismo fantástico a cada capítulo e, sim, acabei me perdendo no enredo. Experiência quase adolescente que preciso reviver agora, suposto maduro na vida. As férias, além do descanso, dão-nos lições. A oportunidade da leitura é uma delas e não adianta chorar criminosamente ante a partida do cônjuge para a festa do medo alhures.

Autor: Professor Adilson Roberto Gonçalves – Publicado no Blog dos Três Parágrafos.

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