Ano novo e aparecem as listas de desejos, de
promessas ou de simples afazeres. Gosto de listas e, mais ainda, de anotá-las
em folhas de caderno espiral com caneta esferográfica azul. Minhas listas são
mais as de livros desejados para ler, dos desafios científicos para resolver no
trabalho e dos artigos de opinião para escrever, ainda mais agora que tenho uma
dúzia de compromissos com milhares de caracteres diários que precisam alcançar
algum veículo impresso ou virtual. Já virou clichê dizer que as listas de
promessas escritas neste início de ano serão as mesmas das de aqui doze meses,
da mesma forma que as de hoje não diferem daquelas do ano passado. Planejamos e
organizamos, mas vem o destino e carrega a lista para lá, parodiando o
magnífico Chico Buarque. De minha parte, limito-me a levantar planos passados e
a constatar o mínimo que se conseguiu realizar. A realidade supera a
realização, ou seja, a parte passiva da vida é predominante sobre a ativa.
Assistimos ao que acontece sem condições de determinarmos o que pode acontecer.
Para os acontecimentos do mundo, leio revistas sérias e jornais idôneos para me atualizar. Nem sempre trazem a melhor interpretação dos fatos, mas raramente mentem. Eis minha lista básica, incluindo os sites de notícia: Carta Capital, Revista Piauí, Revista CULT, Ciência Hoje, Pesquisa Fapesp, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, UOL, G1, Brasil 247, Chumbo Gordo, Hora Campinas, Diário Campineiro, Correio Popular, Diário do Rio Claro, Jornal da Cidade Bauru, Jornal Cidade de Rio Claro, A Tribuna Piracicabana, O Regional. Surpreende que muitos de minha convivência usam as manjadas fake news da internet como base de informação e não se corrigem muito menos se envergonham, simulando um eventual equívoco de fonte. Lamentável. Criam dedos onde não existe, criam crise onde há satisfação e criam compaixão para defender criminosos. Concluo que, se mesmo com todos os alertas e desmentidos, assim continuam, significa que são da mesma índole.
Faz parte das listas o compromisso com os patronos das cadeiras acadêmicas que ocupo. Na Academia Campineira de Letras e Artes, ela foi estabelecida em honra a Guilherme de Almeida e preciso buscar um pouco mais de sua vasta e eclética obra para compor uma apresentação até o meio do ano. Diziam que o poeta campineiro subverteu as listras transformando-as em listas para rimar com paulistas no famoso poema "Bandeira de minha terra". Mas a etimologia da palavra diz que lista veio antes - uns 200 anos - e, a partir dela por adição de um r (epentético é o termo técnico dessa adição, segundo o que consultei no Houaiss), apareceu listra. De qualquer forma, a sequência de itens usamos sem erre e com algum erro, intencional ou temporal. A de faixas de cores alternadas pode ser com as duas grafias, mais um desafio linguístico para os que se expressam na língua de Machado, Camões, Clarice e Saramago, sabendo que a lista de referências não se esgota com esses cinco, incluindo o Guilherme ali de cima.
Autor: Adilson Roberto Gonçalves - Pesquisador da Unesp; Academia Campineira de Letras e Artes; Academia Campinense de Letras; Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas; Academia de Letras de Lorena; Instituto de Estudos Vale paraibanos; União Brasileira de Trovadores - Seção Campinas. Publicado no Blog dos Três Parágrafos.
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