Magnatas das "big techs" não querem disputar eleição, dá trabalho. Na lógica deles, é mais fácil comprar os eleitos.
A democracia está sob fogo cruzado. Sem saber precisar em que momento isso se deu, é uma realidade. Só que agora as ameaças se dão com muito mais frequência e intensidade. Cada semana é uma pedra que colocam no caminho da democracia. Nem sempre dá para desviar, por isso a importância de se estar alerta. O caminho minado faz parte do jogo daqueles que querem ganhar de qualquer jeito. Não vão conseguir por uma razão muito simples: os sonhos não morrem.
Às vezes escrevo por encomenda, mas não é comum. Quando parte de um amigo e o assunto já está sob observação, fica mais fácil abrir uma exceção. O comentário que ora faço nasceu na hora certa de uma demanda desse tipo. O anúncio do magnata Zuckerberg de adesão ao governo Trump estava no forno, pronto para sair. Com um olhar diferenciado do sentimento comum, apontando como mais uma jogada do Zuck do que do Donald. Esses jovens donos das chamadas "big techs", salvo as exceções de sempre, querem visibilidade, dinheiro e poder. Dinheiro eles sabem como fazer, e a visibilidade vem no vácuo.
Para se locupletarem por inteiro, falta o poder constituído, que nos regimes democráticos se dá através do voto. Ao que se saiba, Zuck não tinha apoiado Donald até então. Assim como Musk, também não. A rigor, esse grau de exposição pública de adesão ao governo Trump, de ambos, só se deu agora, na eleição de 2024. Para alguns observadores mais atentos, essa aproximação é uma ameaça à ordem mundial. Os três jogam pesado e não medem as consequências. A desinformação é a carta na manga.
As intempestivas declarações de Trump, antes mesmo de tomar posse, já podem fazer parte desse jogo de tão absurdas que foram. De repente, num rompante inconsequente, Trump ameaça incorporar seus vizinhos ao território americano, se apropriar do Canal do Panamá e tomar conta da Groenlândia. Quem faz política com ética e precisa prestar contas dos seus atos não faz isso; já magnatas fazem. Na cabeça deles, uma sociedade quanto mais desinformada e assustada for, mais enfraquecida ela estará. A dominação passa a ser uma questão de tempo, nada que o dinheiro não resolva. (*)
Sem dúvida, a parceria está feita. Até pode não durar pela difícil relação dos envolvidos com seus egos. No entanto, independentemente do que vier a acontecer com os EUA, os países precisam estar atentos. Os magnatas das "big techs" não querem disputar eleição, dá trabalho. Na lógica deles, é mais fácil comprar os eleitos. Se a legislação dos países criar obstáculos aos seus planos de controle sobre a informação, preparem-se: o jogo é duro e não é para amador. Sem ser alarmista, nessa "nova ordem mundial" de dominação pela informação, a democracia não cabe. Pensem nisso. (**)
(*) Quem não se lembra das ameaças de Elon Musk, de olho nos recursos minerais da Bolívia, ao declarar que derrubava o presidente do país na hora que ele quisesse?
(**) Travessia
é uma canção de Fernando Brant e Milton Nascimento. É linda e fala um pouco das
incertezas da vida e de andar sobre um caminho de pedras. Segue um trecho:
"Minha casa não é minha / e nem é meu este lugar / estou só e não resisto
/ muito tenho pra falar / solto a voz nas estradas / já não quero parar / meu
caminho é de pedras / como posso sonhar..."
Autor:
Mauro Passos - Engenheiro, ex-deputado federal pelo PT/SC, e presidente do
Instituto Ideal. Publicado no Site Brasil 247.
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