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14 de agosto de 2024

Fraudolândia ou paraíso da impunidade?

 

Os números relativos a golpes, fraudes e roubos no Brasil impressiona quem os verifica, em especial nas cidades com mais de 200 mil habitantes. A cada hora, quase cinco mil pessoas são vítimas de tentativas de golpes financeiros no Brasil por meio de aplicativos de mensagens ou ligações telefônicas, normalmente com criminosos se passando por funcionários de bancos, correios, receita federal, etc.

No mesmo período de tempo, cerca de 2.500 pessoas pagam por produtos na internet que acabam não sendo entregues, e outras 1.680 vítimas têm o celular furtado ou roubado no país.

Os números foram estimados pelo DataFolha e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a partir de uma pesquisa com 2.508 entrevistados em todas as regiões do país, entre os dias 11 e 17 de junho. O cálculo leva em conta a proporção de pessoas que relatam terem sido vítimas de crimes contra o patrimônio, num período de 12 meses, e o tamanho total da população.

Esses números de crimes são bem maiores na medida em que muitos casos não são levados ao conhecimento da Polícia. Existe uma quantidade enorme de subnotificação dos crimes cibernéticos e até dos roubos e furtos de celular.

Em média apenas 30% dos entrevistados admitiram ter sido vítimas de golpes que envolveram Pix ou boletos falsos dizendo que registraram ocorrência em delegacias, e 55% daqueles que tiveram o aparelho celular subtraído afirmam que fizeram BO, por exemplo.

“Temos quase 40 milhões de brasileiros com 16 anos ou mais que já foram vítimas de tentativas de golpes, ou seja, a população hoje vive num ambiente bastante perigoso", diz o diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima. "Podemos tomar como exemplo toda ligação que recebemos de um número estranho e é alguém se passando por uma central de cartão de crédito, uma central bancária. Isso virou um inferno na nossa vida, é um fenômeno banalizado."

Os crimes passam a ficar banalizados e representam um prejuízo financeiro de R$ 25,5 bilhões à população a cada ano. Esse é um valor estimado em danos causados apenas pelos golpes aplicados via Pix e boletos falsos, que pode ser muito maior. Os roubos e furtos de celular, por sua vez, causaram um prejuízo estimado de R$ 22,8 bilhões de julho de 2023 a junho deste ano.

As prisões lotadas não recuperam ninguém, visto que são verdadeiras faculdades do crime organizado no país. O sistema penal é risível, não assusta, e recoloca os condenados rapidamente nas ruas para voltarem a cometer os mesmos crimes pelos quais foram presos.

O Brasil é um celeiro fértil de fraudes e golpes, além de ser considerado até no exterior como um verdadeiro “paraíso da impunidade”. Até nas séries e filmes americanos os criminosos são citados como prováveis fugitivos para o Brasil.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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