Num passado não muito distante, quando tínhamos os votos ainda em cédulas e vivíamos num regime de ditadura militar, eram muito conhecidos os “coronéis” dos rincões brasileiros, em especial no Norte, Nordeste e Centro Oeste. Eles é que ditavam em quem o povo humilde votaria, seja por troca de camisas de futebol, sapatos e até alimentos ou empregos.
Ficaram conhecidos por manterem sob cabresto seus eleitores que, assim, elegiam deputados e até senadores que depois legislavam para eles e suas famílias. No Maranhão tivemos o clã Sarney. No Pará o reinado da família Barbalho e assim aconteceu em diversos Estados brasileiros, com cidades dominadas por estes coronéis nefastos.
No século XXI, com urnas eletrônicas, em plena era tecnológica, com informações na palma da mão nos celulares, tablets e computadores os coronéis deram lugar a outros manipuladores de votos. Os pastores evangélicos das grandes comunidades religiosas passaram a exercer o papel de coronéis.
Nos púlpitos das igrejas espalhadas pelo país esses homens tem nas mãos o poder de indicar candidatos, defenestrar ideologias e partidos em benefício próprio ou de suas congregações.
Esse movimento cresceu, estabeleceu-se no meio midiático adquirindo emissores de televisão, rádio e jornais. Conseguiram eleger muitos deputados estaduais e principalmente federais no afã de interferir em qualquer avanço que houvesse na liberdade dos cidadãos no que tange a ideologia de gênero.
A entrada explícita da campanha eleitoral em templos evangélicos tem ocasionado, reações de fiéis ao chamado "voto de cajado" e já motivou até briga com violência política. Falas de pastores e líderes religiosos pedindo que frequentadores votem e elejam candidatos que, segundo eles, seguem os direcionamentos de Deus têm motivado migração e saída de evangélicos para congregações apartidárias. O cenário de violência motivou manifestações de preocupação entre a classe religiosa.
Entretanto, como a base utilizada por eles são políticos sem muita capacidade cognitiva ao se depararem com recursos fartos de emendas dentro de um governo omisso e fraco, começaram a deitar e rolar e a corrupção aumentou no país. Como estão dentro da base do Centrão, navegam no orçamento secreto, nas escolas fakes, no Bolsolão do MEC e chafurdam na lama podre do crime organizado em que se transformou a Câmara Federal.
No final dos mandatos, pouco ou nada fazem pelos fiéis que os elegeram e acreditam na sua honestidade de princípios. Não conseguiram avanços em nenhuma área vital a sociedade brasileira enquanto estavam perdidos na Sodoma e Gomorra das emendas parlamentares.
O Estado é laico, porém, com tendência aberta aos evangélicos que estão no Palácio do Planalto fazendo cultos enquanto comemoram a compra de mansões, desvios de finalidade e êxito em ações contra adversários através de fake news. O desrespeito da primeira dama com outras religiões é notório, é criminoso e deveria ser coibido, mas ao contrário é até reverenciado pela grande mídia.
Enquanto descansamos em nossas residências, pastores executam o trabalho de convencimento e lavagem cerebral de sua gente, que no dia seguinte repercutem aquilo que foi ensinado no transporte coletivo, nos empregos e nos grupos de whatsapp.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
Um comentário:
Minha mãe sempre disse que religião e política não combinavam. E não combinam mesmo. Os pastores deveriam se preocupar em pastorear seus rebanhos, porém enxergaram rebanhos muito maiores do que simples homens e mulheres em busca da palavra de Deus. Espero, em Deus, o dia em que o cajado de Dele caia sobre esses "santos do pau oco".
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