Apesar de ter lançado dois livros neste ano de 2021 e de já ter lido vários livros nesses primeiros cinco meses do ano em meio a pandemia, creio que o grande sucesso de leitura será o incrível compêndio de 545 páginas chamado: Denúncias sobre a Cohab na Operação João de Barro do Gaeco.
Um trabalho meticuloso, cuidadoso e muito bem feito pelo Ministério Público em Bauru através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Ao longo das quase seiscentas páginas, uma amostra do mundo subterrâneo da corrupção, da lavagem explícita de dinheiro do povo usados em benefícios próprios e políticos durante 12 anos de forma ininterrupta, ceifando dos cofres da Cohab de Bauru aproximadamente R$ 54.879.400,00 (cinquenta e quatro milhões, oitocentos e setenta e nove mil e quatrocentos reais) em valores nominais.
Embora os envolvidos na investigação do mega crime estejam respondendo em liberdade, o que por si só, causa uma certa apreensão na sociedade bauruense, que ainda não se esqueceram dos crimes cometidos contra a AHB. É oportuno destacar que, justamente em vista do montante desviado, os presentes fatos fundamentaram a propositura de Ação Cautelar de Sequestro de Bens nº 1007009-79.2020.8.26.0071 (controle 717/2020), em curso perante o Juízo da 4ª Vara Criminal de Bauru, através da qual se busca assegurar o confisco do proveito ilícito e a reparação da companhia lesada.
Os envolvidos nas investigações pensaram em tudo e foram realmente minuciosos na elaboração do processo e na procura por informações que pudessem alimentá-lo com a devida substância jurídica.
A Companhia de Habitação Popular de Bauru – COHAB foi criada pela Lei Municipal nº 1.222 de 1º de abril de 1.966, sob a forma de Sociedade de Economia Mista, sendo o Município de Bauru seu maior acionista. Há muito tempo essa empresa não constrói uma única moradia, entretanto, era de se estranhar e levantar suspeitas o fato de que havia uma movimentação gigantesca de recursos e muita gente graúda do mundo político frequentando aquela companhia semanalmente.
A trama tem roubo, fraude, corrupção, desvios de finalidade, conluio, amor e ódio, paixão, viagens à Copa da Rússia, prazer e luxúria de uma família e todos os seus tentáculos.
Vários prefeitos passaram sem terem “percebido” nada, sem notarem aquilo que estava embaixo de seus narizes e de suas administrações. Um roubo fantástico sendo perpetuado a luz do dia na Cohab.
Saques em dinheiro de somas altíssimas realizados semanalmente sem que nenhum órgão fiscalizador tivesse tomado alguma atitude para investigar e quem sabe estancar a sangria antes de terem sido sugados os R$ 54.879.400,00. Coaf, Caixa, Banco Central, enfim, todos aqueles que costumam implicar e investigar as movimentações lícitas de tantos brasileiros comuns não tiveram a mesma vontade de agir nestes 12 longos anos de Sodoma e Gomorra em Bauru.
Três gestões da Câmara Municipal com 17 vereadores em cada mandato passaram sem que nenhum deles em tempo algum tenham pedido uma investigação, chamado uma CEI ou ao menos tentado denunciar a festinha que acontecia com o nosso dinheiro. Alguns, ao contrário, se aproveitaram para viajar e se locupletar na dinheirama que vinha fácil das mãos do presidente.
Neste mesmo período de 12 anos, os mutuários da Cohab sofreram com o abuso, descaso e prejuízo sem ter em momento algum as suas reivindicações atendidas. Os recursos eram todos desviados para as gavetas e as malas do presidente.
O Best Seller do Gaeco mostra ainda muitas coisas que derrubam qualquer cético, como, por exemplo, os gastos despendidos com a filha nas suas viagens com passagens, estadias e mordomias pagas em grandes maços de dinheiro. Tratamento dentário ao custo de R$ 77.000,00 igualmente pagos por todos nós em Bauru.
Leiam e se puder aprendam o quanto é importante para os cidadãos estarem atentos a tudo que nos diz respeito no Poder Executivo (Prefeitura) e no Legislativo (Câmara).
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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