“A vida é muito
maior que
a soma de seus
momentos”.
Zygmunt Bauman
Ao
ver ultrapassar os oitenta dias de quarentena impostas pelo isolamento social
necessário para o achatamento da curva do novo coronavírus, percebemos que
mudamos muitos dos nossos hábitos, alguns arraigados ao longo dos tempos.
Ao
ficar em casa deixamos de nos preocupar tanto com nossas vestimentas, afinal de
contas, estamos fechados dentro de casa e sem receber visitas. Logo sai de cena
roupas finas, novas e voltam a lida camisetas surradas, moletons, bermudas e
outras vestes sem tanta importância, mas que jamais sairiam conosco às ruas.
O
carro nunca ficou tanto na garagem como nestes oitenta dias decorridos de
isolamento social. Empoeirado, porém, sem consumo de combustível, óleo e com
seus gastos reduzidos. Ao receber o boleto de pagamento do Sem Parar, percebi
que não havia cobranças de estacionamentos, passagens em praças de pedágios, apenas
o valor da mensalidade.
O
uso das plataformas digitais passou de item importante para essencial na
sobrevivência diária dentro de casa. Afinal, com a internet e estes aparelhos
(Smartphones, Tablets ou PC) acessamos quase tudo, dos pedidos de alimentos,
compras de delivery de mercados, farmácias, quitandas, etc. O contato virtual,
embora não substitua o abraço, nunca foi tão importante para que avós possam
ver netos, que pais possam falar com filhos que moram distantes, amigos possam trocar
ideias.
Máscaras
e álcool gel são itens importantes dentro de casa, porém, fundamentais na
sobrevivência fora delas, sem os quais sequer podemos sair às ruas, entrar no
transporte público ou num supermercado.
A
televisão nem sempre tão importante, passou a ser vital no auxílio a passagem
destes dias diferentes em nossas vidas. Como a programação dos canais da
televisão chamada de “aberta” são muito ruins e fraca, ganhou relevância a
Netflix, Amazon Prime, com seus filmes, séries e documentários, o Youtube com
suas lives e shows.
Os
fanáticos por futebol sofrem por abstinência, entretanto, há 80 dias seus times
não perdem um jogo sequer. Permanecem invictos, só que a gozação e as piadas entre
amigos e cunhados, relativas aos seus clubes estão congeladas. Não se pode
falar nada de esporte, pois eles estão longe de voltarem, assim como os grandes
espetáculos, shows musicais, peças de teatro e cinema.
A
leitura um pouco esquecida e até deixada de lado, voltou a ter a importância
que sempre mereceu nestes dias de isolamento. Eu e minha filha já lemos sete livros
neste período, parece pouco, mas se a média dos lares brasileiros fosse essa
teríamos muito o que comemorar.
Em
resumo, perdemos e ganhamos muito nesse período, boa parte pensa apenas na
economia, outros apenas na saúde, mas, os prejuízos obtidos por força do
isolamento estão sendo compensados por outros ganhos advindos de formas
diferentes em nossas vidas.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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