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12 de junho de 2020

O Centrão voltou? Ou ele nunca foi embora?

Quem gosta do que é certo,
é superior ao que sabe o que é certo;
quem se empolga pelo que é certo,
é superior ao que gosta do que é certo.
Lao Tzu

Um dos pilares da campanha eleitoral e do discurso de Jair Bolsonaro era o combate à corrupção que seria realizado em seu governo. Com a indicação para o Ministério da Segurança e Justiça de Sérgio Moro esse discurso ganhou força e notoriedade. Encheu de esperança a classe média e os apoiadores de Bolsonaro, de verem um país menos suscetível a corrupção e com mecanismos mais apurados para o combate a essa praga que assola o país.
Ledo engano, o primeiro sinal veio com a saída de Moro, inconformado com a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal com o intuito de proteger seus filhos justamente das acusações de corrupção.
O segundo sinal veio com a aproximação de Bolsonaro com o “Centrão”, núcleo político da Câmara composto em boa parte por deputados investigados por corrupção, base de apoio de vários governos onde a corrupção deitou e rolou justamente com o chamado Toma lá dá cá de cargos em fundações, estatais e ministérios do governo federal. Com o atual governo não foi diferente, demorou um pouco, é verdade, mas antes de completar o segundo ano de mandato já estava em ação a troca de cargos por apoio na Câmara.
Os dados obtidos junto a aliados do governo dão a dimensão da disposição em abrir a administração federal a indicações políticas. Desde julho de 2019, quando o governo tinha apenas seis meses de gestão, parlamentares já pediam a nomeação para mais de 700 cargos federais — em 325 deles, ou 45% dos casos, o pleito foi atendido. Cerca de 200 foram rejeitados pelo governo, e o restante ainda aguarda aprovação.
O Centrão já abocanhou cargos que se revestem de importância na medida que possuem orçamentos milionários que passam a ser coordenados por membros indicados pelo nefasto Centrão. Gente desqualificada, ainda investigada em operações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, algumas ainda sob o julgo da Lava Jato.
Esses criminosos que a sociedade achava estarem fora de combate foram ressuscitados por Jair Bolsonaro, um político que esteve no Centrão por muitos anos e que agora o traz de volta ao ninho do governo federal. Bolsonaro mentiu, não foi a única vez, disse também que iria reduzir ministérios e cargos públicos ao assumir, mentiu – a farra continua e está cada dia mais claro que o passado nebuloso virou uma aurora cintilante.
Resta apenas uma dúvida: O Centrão voltou ao governo? Ou nunca saiu das entranhas do governo federal desde os áureos tempos de José Sarney em 1986?

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

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