Quem gosta do que é certo,
é superior ao que sabe o que é certo;
quem se empolga pelo que é certo,
é superior ao que gosta do que é certo.
Lao Tzu
Um dos pilares da campanha eleitoral e do discurso
de Jair Bolsonaro era o combate à corrupção que seria realizado em seu governo.
Com a indicação para o Ministério da Segurança e Justiça de Sérgio Moro esse
discurso ganhou força e notoriedade. Encheu de esperança a classe média e os
apoiadores de Bolsonaro, de verem um país menos suscetível a corrupção e com
mecanismos mais apurados para o combate a essa praga que assola o país.
Ledo engano, o primeiro sinal veio com a saída de
Moro, inconformado com a interferência de Bolsonaro na Polícia Federal com o
intuito de proteger seus filhos justamente das acusações de corrupção.
O segundo sinal veio com a aproximação de Bolsonaro
com o “Centrão”,
núcleo político da Câmara composto em boa parte por deputados investigados por
corrupção, base de
apoio de vários governos onde a corrupção deitou e rolou justamente com o
chamado Toma lá dá cá de cargos em fundações, estatais e ministérios do governo
federal. Com o atual governo não foi diferente, demorou um pouco, é verdade,
mas antes de completar o segundo ano de mandato já estava em ação a troca de
cargos por apoio na Câmara.
Os
dados obtidos junto a aliados do governo dão a dimensão da disposição em abrir
a administração federal a indicações políticas. Desde julho de 2019, quando o
governo tinha apenas seis meses de gestão, parlamentares já pediam a nomeação
para mais de 700 cargos federais — em 325 deles, ou 45% dos casos, o
pleito foi atendido. Cerca de 200 foram rejeitados pelo governo, e o restante
ainda aguarda aprovação.
O
Centrão já abocanhou cargos que se revestem de importância na medida que
possuem orçamentos milionários que passam a ser coordenados por membros
indicados pelo nefasto Centrão. Gente desqualificada, ainda investigada em
operações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, algumas ainda sob
o julgo da Lava Jato.
Esses
criminosos que a sociedade achava estarem fora de combate foram ressuscitados
por Jair Bolsonaro, um político que esteve no Centrão por muitos anos e que
agora o traz de volta ao ninho do governo federal. Bolsonaro mentiu, não foi a
única vez, disse também que iria reduzir ministérios e cargos públicos ao
assumir, mentiu – a farra continua e está cada dia mais claro que o passado
nebuloso virou uma aurora cintilante.
Resta
apenas uma dúvida: O Centrão voltou ao governo? Ou nunca saiu das entranhas do
governo federal desde os áureos tempos de José Sarney em 1986?
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor,
Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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