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23 de junho de 2020

Em 2020, será possível reabrir escolas com segurança?

“Na compra e venda ou troca de coisas, aquele que vende fica sem a coisa e recebe o dinheiro; e aquele que compra fica sem o dinheiro e recebe a coisa. Já na troca de ideias, cada qual fica com a ideia própria, mas acrescida da ideia do outro, ou seja, todos saem ganhando”. Bernard Shaw

Estamos assistindo em nosso país, um completo desencontro no convívio da sociedade com as regras do isolamento social para o possível achatamento da curva do novo coronavírus. Para agravar a situação o presidente da república por motivos descabidos sejam quais forem, abdicou de ser o líder do país a frente do combate e planejamento das ações estratégicas que deveriam ser tomadas pelo governo federal. Uma amostra é o fato de não termos um Ministro da Saúde que seja médico.
Com isso, ficou nas mãos dos governadores e prefeitos a incumbência de planejar, controlar e administrar junto a sociedade brasileira aquilo que o governo federal deixou de lado criminosamente.
Nem é preciso dizer que a situação que já era grave por si mesmo, ficou ainda pior em termos de infectados e de óbitos no país. Em paralelo a economia parou, com ela o comércio, parte da indústria e diversos outros setores importantes do país.
As aulas em todos os segmentos foram suspensas, desde o ensino maternal até as universidades. Algumas escolas particulares e universidades conseguiram a duras penas manter algumas atividades online.
Entretanto, cerca de cem dias após o início do isolamento social a situação no país ainda é preocupante. A curva não foi achatada, visto que, a quarentena não foi devidamente obedecida pelos brasileiros. Em média, o índice de isolamento ficou em 40%, o que é muito pouco e arriscado para que pudéssemos ter um retorno seguro das nossas atividades.
No que tange a volta das aulas presenciais, fica no ar uma dúvida gigante sobre a possibilidade de ocorrer ainda no curso deste ano. Os cálculos matemáticos de pesquisadores da Universidade de Granada (UGR) apresentam resultados que contradizem a ideia de similaridade entre um pequeno grupo familiar e uma sala de aulas.
Supondo uma família média, composta por dois adultos e 1,5 filhos menores ― dado usado nas operações matemáticas, assumindo que há 10 alunos com um irmão na sala de aula e outros 10 são filhos únicos, no primeiro dia de aula cada aluno será exposto a 74 pessoas. Isso ocorrerá exclusivamente se não houver contato com alguém fora da sala de aula e da casa da família.
"No segundo dia", explica Alberto Aragón, coordenador do projeto, "a interação chegaria a 808 pessoas, considerando exclusivamente as relações sem distanciamento nem máscara da própria classe e as das classes de irmãos e irmãs". A projeção em papel excede 15.000 contatos em três dias.
Gráfico - El País
No entanto, a realidade é que nenhum desses cenários está sendo considerado no planejamento de retorno às aulas no momento. Para o professor da UGR e especialista em organização de empresas e planejamento, a preparação para a volta não é só insuficiente, mas também foi deixada nas mãos das escolas, algo que “obviamente” excede sua capacidade organizacional e de recursos.
Não resta dúvida que no caso brasileiro com o agravante dos transportes públicos ineficientes, abarrotados e sujos, esse caos seria ainda maior. Portanto, a educação à distância, via online deverá ser a saída até o final de 2020.

Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

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