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1 de dezembro de 2021

O Sargento Aristides!

 Em Rezende – RJ, uma mulher gritou durante a passagem do presidente Jair Bolsonaro: “Vai noivinha do Aristides”. Tudo poderia ter passado em branco, não fosse a veia ditatorial do presidente que mandou a Polícia Federal prender a senhora que proferiu essa frase. 

 

Após chamar Bolsonaro de “noivinha do Aristides”, a mulher, de 40 anos, que não teve a identidade revelada, foi encaminhada à equipe da Polícia Federal que estava na Dutra acompanhando o presidente, e depois levada para a delegacia da PF em Volta Redonda (RJ), cerca de 50 quilômetros distante daquele local, para o registro de um termo circunstanciado pelo crime de injúria.

Mas por que um presidente que sempre se disse macho, que se orgulhava de ter filhos homens e chegou a afirmar que a filha foi fruto de uma fraquejada, que foi chamado de genocida, poderia ficar transtornado por ser lembrado como “noivinha do Aristides”?

Aristides, para quem ainda não conhece, era um Instrutor de Judô na Academia de Agulhas Negras (AMAN) onde Jair serviu o exército. A expressão “noivinha” do Aristides e uma forma pejorativa de dizer que o então Cabo Jair tinha uma relação amorosa com o instrutor.

De acordo com Toni Bulhões, a revelação teria sido feita por Jarbas Passarinho, que foi ministro durante a Ditadura Militar e, como senador já na República, desprezava Bolsonaro. “Aristides era o sargento em cuja cama, segundo Jarbas Passarinho, o então tenente ia chorar as mágoas, nas noites quentes de verão dos aquartelados”

Rita Lee em 2011 disse, em tom de ironia, que teve um “caso” com o presidente. “Bolsonaro e eu tivemos um caso. Ele não era muito chegado na coisa, se é que me entendem. Terminamos porque ‘Bolsinho’ estava de olho num colega de classe”, diz a publicação, que já havia voltado a circular durante a campanha nas eleições de 2018.

Logo, pairou a dúvida no ar: Onde está a ofensa contra o Presidente na expressão dita pela senhora em Rezende? Porque Jair mandou prende-la? Afinal de contas o próprio Bolsonaro já chamou João Dória governador de SP de “calcinha apertada”. Já ofendeu homossexuais e nunca foi exemplo neste sentido.

O mesmo Bolsonaro que em um de seus rompantes nada acadêmicos vociferou contra o Governador do RS; “Onde o governador, que fala muito manso, educadamente, uma pessoa até simpática, mas é um péssimo administrador. Onde ele enfiou a grana [das vacinas]? Não vou responder pra ele, mas acho que sei onde colocou a grana toda, não foi na saúde”

Em visita à feira agropecuária Expointer, na cidade de Esteio, no Rio Grande do Sul, no dia 11 de setembro de 2021, o presidente Jair Bolsonaro apontou para um salame e disse que seria “do governador” do Estado, Eduardo Leite (PSDB).  

Portanto, como um político que age desta forma com brincadeiras homofóbicas poderia se insurgir contra uma simples senhora que proferiu aquelas palavras citadas acima?

Seria interessante que o próprio Aristides viesse a público dirimir essa dúvida sobre esse assunto, esclarecendo se realmente é ou nunca foi “noivo do Bolsonaro”. 

 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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