Seguidores

3 de dezembro de 2021

O que aconteceu no CAPES?

 As más escolhas do presidente e de seus ministros começaram a ser rejeitadas peremptoriamente pelo segundo e terceiro escalão dos órgãos do governo. Depois da renúncia coletiva de 52 pesquisadores ligados à Capes no dia 29 de novembro, ontem, dia 01 de dezembro, mais 28 fizeram o mesmo.  Com isso, já são 80 os pesquisadores que renunciaram. A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior) é um órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável pela pós-graduação no país.

                               Milton Ribeiro, Bolsonaro e Cláudia Mansani Q.Toledo

Na exposição de motivos para o pedido de renúncia, os três coordenadores de química e os 25 consultores criticaram a falta de compromisso com a avaliação quadrienal por parte da Capes: "Estamos no final de 2021 e não se conhece nenhuma ação da Capes no sentido de discutir e elaborar o Plano Nacional de Pós-graduação 2021-2030".

Eles acusam a presidenta da Capes, a bolsonarista Cláudia Mansani Queda de Toledo, de criar enorme instabilidade: "Entendemos que a avaliação quadrienal deve ser finalizada pelas atuais coordenações e consultores, mas, até o momento, não vemos por parte da presidência, quando indagada, nenhuma declaração de maneira inequívoca sobre a extensão dos mandatos dos atuais coordenadores, visando não deixar essa imensa lacuna aberta."

Os profissionais também criticam a rapidez e empenho no procedimento para abertura de novos cursos de pós-graduação sem que a avaliação quadrienal tenha sido finalizada.

Esse processo é chamado de APCN (Apresentação de Propostas de Cursos Novos). Passamos por vários governos, vários presidentes e diretores de avaliação. Nem sempre foi fácil, mas sempre tivemos pleno apoio e muito diálogo para que pudéssemos discutir e aprender muito.

As escolhas de Bolsonaro para seus ministros têm com tripé – Ideologia + Religião Evangélica + Subserviência, o que faz com que órgãos importantes do Ministério da Educação sejam submetidos a incompetência aliadas a intransigência que é característica de quem não é do ramo e enxerga quase tudo pelo viés ideológico.

Esse mesmo governo que sucateou INPE, Ibama, Funai e faz do MEC seu quintal de experiências nefastas, jogando no lixo aquilo que foi construído por anos, fruto de pesquisa, trabalho e educação.

A presidente do Capes foi levada ao cargo pelas mãos do atual Ministro da Educação, Milton Ribeiro. Ela enfrentou resistência por causa de seu currículo e por ter nomeado sua aluna de doutorado para diretoria internacional, um começo nada promissor.

O pedido de renúncia na Capes ocorre em paralelo a outro processo de instabilidade em um dos órgãos do MEC. Na véspera do Enem, dezenas de servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) pediram desligamento de seus cargos de chefia após denúncias de assédio moral e pressão para alterar o conteúdo da prova.

Em resumo, antes de tomar posse, os bolsonaristas inventaram fake news acerca de tudo que envolvia a educação, após assumirem o MEC, se perdem na arrogância, desconhecimento e escuridão de propósitos voltados para a educação de qualidade.

 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

Nenhum comentário: