Uma das muitas canções de Chico Buarque de Holanda que sofreram com a censura da ditadura militar foi Fado Tropical. Seus versos lindos e ácidos contém um refrão que repete a preocupação do genial autor à época:
Ai, esta terra ainda
vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Aí, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Portugal!
Ai, esta terra ainda
vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Aí, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um império colonial!
Nos
dias atuais, quando vivemos o desgoverno do ex-militar, expulso da corporação,
Jair Bolsonaro, esse refrão pode ser usado, alterando um pouco sua composição,
com a licença poética do autor:
Ai, esta terra ainda
vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um deserto colossal!
Aí, esta terra ainda vai cumprir seu ideal
Ainda vai tornar-se um imenso Saara Tropical!
Desde a posse do atual presidente em janeiro de 2019, o ritmo do desmatamento e das queimadas destruindo o meio ambiente é intenso. Os números e as imagens não mentem, algo que o presidente e seus ministros tentam fazer para supostamente enganar os incautos e os países desenvolvidos.
O Brasil é o segundo país com a maior cobertura vegetal do mundo, ficando atrás apenas da Rússia. Entretanto, o desmatamento está reduzindo de forma significativa a cobertura vegetal no território brasileiro. São aproximadamente 20 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa desmatada por ano em consequência de derrubadas e incêndios.
Esse processo acarreta vários fatores negativos ao meio ambiente, entre eles se destacam: perda da biodiversidade, empobrecimento do solo, emissão de gás carbônico na atmosfera, alterações climáticas, erosões, entre outros.
O desmatamento no Brasil ocorre principalmente para a prática da atividade agropecuária. Porém, a construção de estradas, hidrelétricas, mineração e o processo intensivo de urbanização contribuem significativamente na redução das matas.
Conforme cálculos do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, a área desmatada na Amazônia até o ano de 2002 era superior ao tamanho do território francês. Isso se deve principalmente à extração de madeira e atividade agropecuária. De acordo com pesquisas do Ministério do Meio Ambiente, foi constatado que 80% da extração da madeira na Amazônia ocorrem de forma ilegal.
Some-se a esses dados, a invasão de terras indígenas com o consentimento tácito do governo Bolsonaro. A liberação de áreas e rios para o garimpo ilegal, que destrói mananciais e matas. Por fim, o corte criminoso de madeiras para exportação.
Segundo dados do INPE a situação mais preocupante de desmatamento na Amazônia é no Pará. Em 2021, o maior desmatamento na região da Amazônia Legal foi registrado no estado: 1.886,59 km².
Já em relação às outras unidades federativas do país que compõem a região da Amazônia Legal, o Estado do Amazonas é o segundo estado com o maior desmatamento registrado em 2021: 1.237 km². Em seguida, está o Mato Grosso, com 841 km², seguido por Rondônia, que contabilizou 689 km².
Nos três anos do atual governo os órgãos de fiscalização foram sucateados e praticamente proibidos de multar, fiscalizar e impedir as ações dos garimpeiros, madeireiros, latifundiários e demais bandidos associados a muito fazendeiros inescrupulosos, que querem área de matas para transformarem em pastos.
Este
é o Brasil que regrediu nos últimos três anos, depois de muitos avanços na
legislação e no controle das nossas matas, rios e floresta. Tudo por conta de
um sujeito desqualificado para o cargo, eleito por pessoas que não votaram com
consciência e nunca pesquisaram a vida política pregressa deste cidadão que
está contribuindo com sua inércia e incapacidade para pôr em risco a Floresta
Amazônica.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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