Numa época de
dissimulação, falar
a verdade é um ato
revolucionário.
George Orwell
Neste país, as regras e leis são rígidas
apenas para quem vive no andar de baixo da república. Os que vivem e usufruem
do andar de cima (Partidos, políticos, servidores do alto escalão e empresários
próximos do poder) tem mais facilidades e liberdades para contornar seus problemas,
principalmente os financeiros.
Um exemplo, são os dez partidos com
pouquíssimos votos em 2018, que mesmo assim receberão R$ 43 milhões do
Fundo Eleitoral. Mesmo sem ter cumprido a cláusula de barreira, as legendas
terão direito à verba eleitoral, que este ano ultrapassou os R$ 2 bilhões.
Enquanto os rivais Partido dos
Trabalhadores (PT) e Partido Social Liberal (PSL) receberam as maiores fatias do Fundo
Eleitoral, ficando junto com R$ 400 milhões dos mais de R$ 2 bilhões
disponibilizados para as eleições municipais deste ano, dez partidos com
péssima performance no último pleito terão direito a R$ 43 milhões do “fundão”.
O Congresso se movimentou em duas
frentes aparentemente contraditórias nos últimos anos quando o assunto são
eleições e partidos. Com a proibição em 2017 pelo Supremo Tribunal Federal do
financiamento de campanha por empresários, foi criado o Fundo Eleitoral, que
coloca dinheiro público para que seja possível realizar as movimentações
pré-eleições.
Por outro lado, aprovou a chamada
cláusula de barreira, que tem como meta extinguir partidos de aluguel ou que
tenham performances irrisórias nos pleitos. Os objetivos a serem atingidos
começaram a ser impostos em 2018 e serão endurecidos a cada eleição.
Já na eleição de 2018, quatorze legendas
não obtiveram o desempenho mínimo, ou seja, obter ao menos 1,5% dos votos
nacionais para deputado federal, entre outras exigências. Entre esses partidos
estavam o Partido Comunista do Brasil (PC do B) e a Rede.
Para não perderem verba, o PC do B incorporou
outro nanico, o Partido Pátria Livre (PPL). Já a Rede de Marina Silva e outros
nove partidos perderam acesso à propaganda na TV e dinheiro do Fundo
Partidário, que, junto do Fundo Eleitoral, são as principais fontes de recursos
das siglas.
Contudo, por decisão do Congresso, esses
partidos continuaram a ter acesso ao Fundo Eleitoral. Além da Rede, PMN, PTC,
DC, PRTB, PSTU, PCB, PCO, PMB e UP estão na lista dos “nanicos”. A Rede ficará
com a maior fatia dos R$ 43 milhões, abocanhando R$ 20,4 milhões. O PMN ficará
com R$ 5,8 milhões, o PTC com R$ 5,6 milhões e o DC com R$ 4 milhões. Os outros
partidos terão de sobreviver com R$ 1,23 milhão cada.
Tanto o Fundo Partidário, quanto o Fundo
Eleitoral são distribuídos pelo Congresso em acordo com o governo federal. As
regras rígidas ficam para o Bolsa Família, para os empréstimos bancários da
Caixa e Banco do Brasil, os recursos para empresas pelo BNDES. Os recursos para
fins habitacionais têm o rigor draconiano enquanto os políticos usam a verba
bilionária para inclusive, abastecer suas contas através da prática de Caixa 2
sem nenhuma fiscalização.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
Um comentário:
Parabéns pela forma como resumiu a informação . Estamos carentes de informação de boa qualidade...
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