A digitalização de indústrias e serviços pode ter um grande impacto em diversos setores da economia em todo o mundo.
Foto – Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Segundo estudo da empresa de
dispositivos móveis Ericsson, até 2030, essas tecnologias podem aportar até US$
3,8 trilhões (R$ 15,86 trilhões) à economia global. O tema foi debatido nesta
quarta-feira (13) em workshop da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
em Brasília.
Esse processo, denominado “transformação
digital”, envolve a coleta e processamento de grandes quantidades de dados, a
aplicação de uma série de novas tecnologias, como o 5G e a inteligência
artificial, e a disseminação de dispositivos tanto para usuários (como
smartphones) quanto nas atividades econômicas, como em linhas de montagem.
O estudo da companhia também mapeou
quais setores têm maior potencial de geração de receitas neste montante que
pode ser gerado com a digitalização. A área de saúde pode chegar a 21% dessas
verbas, seguida pela indústria (19%); segmento automotivo e energia (12%);
mídia, entretenimento e segurança pública (10%).
Na avaliação dos presentes no evento, o
processo de digitalização vai alterar sobremaneira a forma como as atividades
econômicas estão estruturadas. Um novo conjunto de negócios ganha importância,
relacionado à fabricação de dispositivos, oferta de serviços de conectividade e
infraestrutura, habilitação de serviços (como plataformas) e provimento de
aplicações (como redes sociais, mecanismos de busca, comércio eletrônico,
transporte etc.).
Foto – Pixabay
5G
Dentre o montante projetado pela
Ericsson, US$ 1,5 trilhão (R$ 6,2 trilhões) está relacionado à implantação do
ecossistema do 5G. Essa nova geração dos serviços móveis é apontada não apenas
como uma evolução das tecnologias móveis, mas uma mudança qualitativa que pode
permitir uma série de novas aplicações a partir de um tráfego de alta
velocidade que pode ser acessado por dispositivos móveis.
Segundo Tiago Machado, representante da
Ericsson no evento, o 5G terá um papel chave para impulsionar a digitalização.
“Antes ninguém sabia o que era 5G e agora só se fala nisso. Ele quebra cadeias
tradicionais de valor. O carro é basicamente o que era 100 anos atrás. A partir
do 5G, além da evolução do acesso móvel, a gente tem toda uma expectativa de
digitalização de diferentes setores”, comentou.
A coordenadora política e regulatória da
GSMA para América Latina Adriana Sarkis destacou a importância dos equipamentos
e serviços móveis, de smartphones à banda larga móvel, no fenômeno da
transformação digital hoje, e reforçou que a chegada do 5G pode ampliar essa
participação.
“Economicamente falando, só no ano de
2018, US$ 1,1 trilhão (R$ 4,6 trilhões) da economia global foi influenciado
pelo ecossistema móvel. Com advento do 5G, dentro dos próximos 15 anos essa
tecnologia deve contribuir com US$ 2,2 (R$ 9,2 trilhões) para a economia
global”, projetou a coordenadora, cuja entidade é uma das maiores analistas do
mercado móvel do mundo.
Para Sarkis, as mudanças se darão em
três frentes. A primeira está ligada aos usuários. Em 2018 havia cerca de 5
bilhões de usuários de smartphones no mundo. A previsão da GSMA é que este
número suba para 6 bilhões até 2025. As práticas históricas de comunicação
utilizando esses dispositivos tendem a se ampliar para diferentes atividades,
como transações financeiras a aplicações de comércio eletrônico.
Foto – Pixabay
Um segundo movimento está vinculado à
evolução tecnológica. Atualmente, o 4G é o padrão dominante no mundo. A
expectativa da GSMA é que até 2025 existam 14 bilhões de conexões em 5G,
representando quase metade de todos os países. “É uma transição de tecnologia
mas de forma mais disruptiva. Permitir muito mais em suas redes, como
manipulação remota, dar apoio à indústria 4.0 e ofertar uma internet móvel de
altíssima velocidade”, disse a representante da GSMA.
Um terceiro vetor de mudança está nos
aparelhos. Em 2018, os smartphones representavam 60% das conexões à Internet e
a projeção é que representem 80% até 2025. Contudo, a grande transformação deve
estar no crescimento de equipamentos que se comunicam com outras máquinas, indo
além do tradicional aparelho e serviço voltado ao consumidor. Esse ambiente vem
sendo chamado de Internet das Coisas. Entre 2018 e 2025, a GSMA estima que o
número de dispositivos conectados saia de 9 bilhões para 25 bilhões.
Globo
Membro da Diretoria Integrada de
Negócios da Globo, Eduardo Perez apresentou o caso da transformação digital do
grupo. O conglomerado unificou seus negócios, o que chamou de “uma só Globo”,
reconfigurando sua estrutura institucional. Na área de conteúdo, para além do
portal Globo.com, o serviço de streaming Globoplay passou a oferecer conteúdos
específicos.
Perez explicou que um dos objetivos é
ampliar a base de dados sobre a audiência dos veículos do grupo, cadastro
chamado de Globo ID. Quando se loga nas plataformas, o usuário passa a ser
monitorado. Interações de programas e serviços online da Globo, como votações
no BBB ou o uso do aplicativo Cartola FC, são utilizadas também para ampliar o
conhecimento sobre os usuários.
“O nível de interação também nos traz
muitas informações sobre estes usuários. Nossa estratégia é entender nosso
consumidor, usar massivamente dados que a gente tem e aproveitar o nosso
diferencial competitivo de conteúdo de alta qualidade e distribuição para
poder, usando os dados, fazer coisas diferenciadas pensando em publicidade
digital”, afirmou o executivo.
Foto – Pixabay
Autor:
Jonas Valente – Agência Brasil – Neo Mondo
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