Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos
enclausurados dentro dela. Nossos conhecimentos
fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia
e sentimos bem pouco. Charles
Chaplin
No decorrer da década de 80 em São
Paulo, ouvi, li e até participei de diversas palestras e cursos que falavam da
necessidade de nos prepararmos para a chegada do Século XXI. Toda vez que isso
acontecia era um enorme frisson, cercado de apreensão pelo desconhecido e por
informações desencontradas a cerca do que realmente iria acontecer a partir de
01 de janeiro de 2001.
Não havia internet no Brasil em 1980, o
celular era apenas um sonho ou uma ilusão dos filmes de ação. A tecnologia
ainda muito atrasada dificultava completamente o planejamento e a correta interpretação
do que viria pela frente.
O certo é que ninguém imaginava essa
onda que varreu o mundo desde a Globalização, passando pelo avanço da
tecnologia, robótica, informática avançada e tantas outras coisas que se
sucederam com enorme rapidez neste curto período.
Entretanto, muitos administradores,
estrategistas, podem até ter previsto muito do que hoje vivemos, mas duvido que
tenham imaginado ao menos no Brasil, que iríamos regredir tanto no campo das
relações humanas, no trato com o ser humano e na política nacional.
Claro que, isso não é exclusividade
brasileira, vivemos em vários cantos do planeta uma onda de intolerância que
jamais imaginávamos fosse persistir no novo século. O racismo sobrevive e continua
horrorizando a todos. Ressurgem na Europa e em vários locais, células nazistas,
ogros travestidos de adeptos da “supremacia branca”, algo que pensávamos ter
ficado no túmulo de Hitler em 1945.
A verdade é que paradoxalmente vivemos
num mundo altamente tecnológico, com avanços na indústria, medicina, engenharia
ao mesmo tempo que convivemos com ataques raciais, homofóbicos completamente
sem sentido.
No Brasil e nos demais países pobres,
naturalmente a Educação anda para trás, apoiada por políticos corruptos de
esquerda ou sem cérebro de direita. Educar e informar é algo que não combina
com os políticos que nos governam, quanto maior o atraso melhor o resultado nas
urnas.
Neste particular o Brasil é muito bem
servido, pois o eleitorado (38%) alçou ao poder políticos ainda piores do que
os dos mandatos anteriores. Boa parte desqualificada, sem projeto político,
urrando ofensas e propondo coisas que não estão no escopo daquilo que podemos
chamar de avanço.
Em São Paulo, na Assembleia Legislativa
Estadual teve uma proposta do Deputado Frederico D’Ávila – PSL-SP, propondo homenagear
um dos maiores assassinos do Chile. O general que comandou a ditadura militar de
1973 a 1990. Este sanguinário foi o responsável direto por mais de 3.600
mortes, além de promover a tortura de mais de 40 mil pessoas.
Em Brasília, deputados postam imagens da
Constituição Federal sendo jogada no vaso sanitário, enquanto outros
homenageiam o general Ustra, um dos maiores assassinos e torturadores da
ditadura militar no Brasil entre 1964 – 1985.
A sociedade não fica atrás, pais não
vacinam seus filhos baseados em informações falsas emanadas em redes sociais
sem conteúdo científico. Estes pais preferem expor seus filhos a doenças e
provocar o contagio de inocentes. Isso é um dos sinais do atraso incompatível
com o avanço tecnológico e científico do mundo em que vivemos neste século XXI.
Autor:
Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.
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