O resultado mais sublime
da educação é a tolerância.
O sistema educacional brasileiro
voltou a ser tema de discussões nas eleições, não com projetos, mas sim com a
adoção do famigerado Projeto Escola sem Partido. Uma discussão incoerente e os
números comprovam que precisamos combater o analfabetismo puro e o funcional, a
evasão escolar, as péssimas condições de ensino em milhares de salas de aulas
espalhadas pelo país, à correta distribuição de merenda escolar, enfim, são
muitos os assuntos que deveriam estar precedendo a discussão do projeto.
No começo da gestão FHC - PSDB
(1995-2002), foi implantado o Fundef
(Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização
do Magistério) que destinava 60% dos seus recursos para aumentar os
salários dos professores. A constatação é que a qualidade da educação
brasileira caiu.
No governo Lula – PT (2003-2010) foi
criado o Fundeb (Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de
Educação) que manteve apesar da mudança do nome o mesmo percentual
destinado ao aumento dos salários dos professores, ou seja, sessenta por cento
do total dos recursos, porém a qualidade da educação continuou a despencar.
Na medicina se um paciente não melhora
com um remédio receitado o médico troca a dosagem ou o medicamento. Na nossa
política quando o assunto é educação, a realidade dos fatos são ignoradas em
nome da teoria ou do projeto político partidário. Com isso, o que menos importa
é o resultado, levando por analogia o paciente à morte.
Um grande erro cometido pelos nossos
governantes é entender que investir muito dinheiro é sinônimo de melhoria na
educação. Isso é uma grande falácia, e os exemplos de países desenvolvidos e
bem sucedidos provam a tese.
A Coreia do Sul entre 1970-90, gastou
cerca de 3,5% do PIB Produto Interno Bruto em educação, a Irlanda: 5,6%, China:
2,3%, Hong Kong: 2,8%, Reino Unido: 4,9%. Enquanto isso no mesmo período alguns
países gastaram mais do que 7% do seus PIB’s em educação, são eles: Quênia,
Namíbia, Suriname, Seycheles, Barbados, Azerbaijão, Jordânia, Mongólia (Que
gastou 12,9% do PIB). Desnecessário comentar a diferença do sistema educacional
dos países do primeiro grupo com os do segundo grupo que apesar de gastarem
mais, nunca chegaram próximos dos resultados dos primeiros.
As questões a serem discutidas antes
dos governantes, dos congressistas e o do futuro ministério da educação tomarem
posse, deveriam passar longe do Projeto Escola sem Partido, Controle de
Professores e aumento de investimento em educação. A lição de casa tem de ser feita
começando por:
-
A melhoria das escolas que estão caindo aos pedaços, inclusive no Estado de São
Paulo;
-
O preparo adequado com investimentos em capacitação de professores, diretores e
funcionários. Falta de preparo não se resolve com maiores salários nem provoca a melhoria da motivação;
-
Valorização dos profissionais da Educação com salários compatíveis com a importância
da sua função para o país;
-
Inibir a violência dentro e fora das salas de aula, protegendo os profissionais
envolvidos com a educação e o patrimônio público;
-
Dar totais condições de trabalho e clareza nos programas educacionais.
Inclusive com a discussão de uma nova base do currículo escolar.
O Brasil gasta mais do que 70% dos
seus recursos educacionais com salários dos professores. É preciso antes de
pensar em gastar mais, saber como gastar melhor. A educação precisa passar por
uma revolução, se reinventando dentro e fora das salas de aulas. É preciso mais
disciplina e melhores condições de trabalho para todos os envolvidos.
Discussões ideológicas baratas com
toda certeza não vão levar o Brasil para o futuro que seus jovens merecem, mas
sim, estagnar e comprometer de uma vez por todas a capacidade de aprendizado e
colocação no mercado de trabalho de uma ou duas gerações.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
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