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10 de novembro de 2018

A última pá de cal no Judiciário!

Infeliz da geração cujos juízes
merecem ser julgados.
Texto Judaico

A história que irei transcrever a seguir nos dá a exata dimensão de como nosso país está imerso na mediocridade, com praticas antigas que remontam tranquilamente ao Século XVIII. A vítima desta vez foi um juiz e não um cidadão comum, o que é ainda mais preocupante.
Após ser condenado à pena de aposentadoria compulsória, por uma série de condutas que não chegam nem perto do nível de gravidade exigido para este tipo de pena, o juiz Fernando Cordioli está indo ao STJ contra a decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e pretende ir à Organização dos Estados Americanos - OEA caso sua demanda não surta efeito.
Fernando Cordioli foi empossado juiz em 2007 em Santa Catarina e passou por 13 comarcas como juiz substituto sem reclamações. Em 2010, começou a aparecer na imprensa catarinense após algumas decisões que proferiu, sendo a de maior repercussão uma matéria que narrava como ele foi, pessoalmente, apoiado pela PM e um Promotor de Justiça para dar cumprimento a uma sentença que determinava a demolição da casa de um vereador de Joaçaba que estava em área de APP (Área de Preservação Permanente, com restrições para a construção de edificações).
Foi promovido para a cidade de Otacílio Costa - SC e, por conta de sua atuação pouco disposta a respeitar o interesse de pessoas poderosas (Políticos e Empresários) da região, foi advertido por um funcionário de que "sua cabeça estava a prêmio". Diante disso, o juiz se inscreveu para a comarca de Canoinhas, promoção a que tinha direito, mas acabou sendo recusado sem justificação e, em vez disso, teve que responder a um Procedimento Administrativo Disciplinar em 2013.
Em resumo, ele foi acusado de instabilidade emocional, pelo simples fato de que estava agindo em nome da lei e punindo severamente aqueles que não agiam de acordo com as leis. Isso por incrível que possa parecer incomodou e muito as autoridades do próprio sistema judiciário, que deveriam dar guarida e proteção aos seus membros que estivessem agindo em consonância com esta pratica salutar.
Principalmente por que ao longo dos últimos anos tem sido frequente as acusações de participações de desembargadores e juízes na venda de sentenças, crimes de peculato e outras formas que denigrem a imagem da Justiça brasileira. Estes juízes fora da lei não são condenados, mas afastados mantendo todas as suas regalias e vencimentos em aposentadorias milionárias.
O Conselho Nacional de Justiça – CNJ em Santa Catarina, decidiu afastar o Juiz Fernando Cordioli por 49 votos contra 13, alegando instabilidade emocional e o obrigando a passar por avaliação psiquiátrica. Por instabilidade devemos entender que o Juiz Cordioli enfrentava o Ministério Público quando este engavetava processos movidos contra ricos e poderosos de seu Estado. Ele afirmava que o MP facilitava a ida dos coronéis da política catarinense e só prendiam os chamados por ele de PPP (Pretos, pobres e prostitutas)
Cordioli era chamado de Juiz Coragem, por expor em seus processos os desvios morais e de ética de membros do judiciário, advogados e do MP. Em outras ações ele mandava leiloar carros, imóveis de políticos e empresários corruptos em praça pública para reverter o dinheiro desviado dos cofres públicos. Em 2012 agiu desta forma contra o Prefeito da cidade de Palmeira - SC, leiloando três automóveis do mandatário da cidade em praça pública.
Esse rigor do juiz Fernando é denominado pelo CNJ de instabilidade, ou seja, cumprir a lei, ser rígido com todos, inclusive com os poderosos da elite política do Estado?. Se dotar a justiça de agilidade como todos os brasileiros desejam há décadas é ser instável emocionalmente, como seria bom se o Brasil tivesse centenas de juízes nesta condição apontada pela CNJ.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.

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