Levantamentos
da FIESP e do IBGE dão a
medida
das dificuldades que o País vem enfrentando
na
formação de capital humano, condição indispensável
para a passagem a níveis mais sofisticados de
produção.
Na mesma semana em que a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) divulgou uma pesquisa sobre o
conceito de Indústria 4.0 e os problemas que precisam ser enfrentados para sua
adoção, dentre os quais a necessidade de mão de obra altamente qualificada, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua de 2017 que
mostram que o cenário da educação brasileira, apesar de alguns avanços
pontuais, continua trágico.
Os dois levantamentos dão a medida das
dificuldades que o País vem enfrentando na formação de capital humano, condição
indispensável para a passagem a níveis mais sofisticados de produção. O
conceito de Indústria 4.0 engloba as principais inovações tecnológicas dos
campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos
processos de manufatura. Os números da Pnad ajudam a compreender os problemas
que as entidades empresariais têm pela frente. Além da falta de mão de obra
qualificada para trabalhar com as novas tecnologias, pelo levantamento do IBGE
o Brasil não teria nem mesmo mão de obra qualificável, ou seja, com um mínimo
de instrução para poder ser treinada e qualificada.
Segundo a Pnad, a proporção de
brasileiros com menos de um ano de estudo caiu de 7,8% para 7,2% da população
com mais de 25 anos, entre 2016 e 2017. Mas, dos 48,5 milhões de pessoas que
tinham entre 15 e 29 anos de idade em 2017, 11,2 milhões – o equivalente a 23%
do total – não trabalhavam, não estudavam e não se qualificavam. Em 2016, o
índice foi de 21,9%. Em números absolutos, o crescimento desse contingente foi
de 619 mil pessoas.
Pela meta nove do Plano Nacional de
Educação (PNE), que foi aprovado em 2014, o País deveria ter em 2015 até 6,5%
da população com 15 anos ou mais sem saber ler ou escrever um bilhete simples.
Os dados da Pnad mostraram que o índice foi de 7,7% naquele ano, tendo baixado
para 7% em 2017, não atingindo, portanto, a meta. Em números absolutos, são
11,5 milhões de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever. A
meta que previa que 85% dos estudantes do ensino médio estivessem na idade
esperada nas três séries desse ciclo educacional também não foi atingida.
Segundo o IBGE, em 2017 apenas 68% dos alunos desse ciclo de ensino estavam na
etapa esperada.
Os dados da Pnad revelam ainda que o
número de pessoas com mais de 15 anos matriculadas no sistema de Educação de
Jovens e Adultos (EJA) cresceu 3,4% entre 2016 e 2017. Contudo, nos cursos de
alfabetização voltados especificamente para adultos, o número de matrículas,
que foi de 153 mil em 2016, caiu para 118 mil no ano passado. Em 2017, além
disso, 7,2% da população com idade acima de 25 anos não tinha instrução e 33,8%
tinham o ensino fundamental incompleto. Na prática, isso significa que 41% da
população adulta é analfabeta funcional. São pessoas que sabem escrever o nome,
mas não conseguem ler e compreender manuais de instrução para a operação de
máquinas e equipamentos.
Os números da Pnad demonstram, mais
uma vez, que a qualidade do sistema de ensino do País continua insatisfatória,
a maior parte dos estudantes permanece defasada, o tempo médio de estudo é menor
que nas economias com maior presença no comércio internacional e as taxas de
evasão permanecem altas. Esse cenário sombrio decorre, basicamente, do modo
inepto como o sistema educacional foi gerido pelos quatro governos petistas.
Em vez de concentrarem a atenção em
objetivos básicos, como o ensino de Português, Matemática e Ciências, eles
adotaram políticas marcadas por prioridades erradas e orientadas por modismos
pedagógicos e pelo discurso da democratização do ensino, descuidando da
formação básica das novas gerações e do fortalecimento do ensino médio, o que
resultou nas dificuldades que o País enfrenta para adotar novas tecnologias e
modernizar a economia.
Publicado
pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário