Quanto mais corrupção, mais injustiça.
Quanto mais injustiça, mais impunidade.
Quanto mais impunidade, mais violência.
Quanto mais violência, menos felicidade.
Renée
Venâncio
O edifício Wilton Paes de Almeida do
governo federal foi construído em 1961. Pertenceu a uma empresa privada, que
por conta de dividas com a União perdeu seu imóvel. Ali foi instalada a sede da
Polícia Federal em SP até ser desocupada em 2001. Aproveitando-se do descaso do
Governo Federal para com o dinheiro público, foi invadido por moradores de rua
e sem tetos. Esses invasores com certeza não faziam parte das estatísticas
habitacionais divulgadas pelo governo estadual (PSDB) nem do governo federal.
Se o Poder Executivo é omisso, o que
podemos dizer do poder judiciário? As ações de reintegração de posse tramitam
por anos, décadas naquele poder sem que uma solução se encontre para o prédio.
Agora, depois que um incêndio levou o
prédio ao seu desabamento, a Prefeitura que até outro dia era ocupada pelo
Prefeito Fantasma (João Dória) e o MP procuram causas e “responsáveis” pela
tragédia ocorrida em pleno centro da maior cidade do país e da América do Sul.
Com o agravante que o prédio chegou a
ser cedido à prefeitura paulistana, que depois veio a devolvê-lo à União, e
depois retornou novamente à prefeitura. Atualmente, seu status era “cedido
temporariamente” à prefeitura, que buscava há um ano, junto com o Governo
federal, uma solução conjunta para retirar as famílias que moravam ali,
explicou o prefeito Bruno Covas em coletiva de imprensa. Mas não deu tempo. Havia
372 pessoas vivendo ali. Dessas, 328 confirmaram que saíram com vida. Ao
menos um, que estava sendo resgatado pelos bombeiros por uma corda, caiu junto
com o prédio. Há 44 cujo paradeiro é desconhecido. Não se sabe se estavam no
interior do edifício.
A tragédia
já
havia sido anunciada não apenas por moradores e vizinhos do prédio que desabou
após um incêndio. O próprio Corpo de Bombeiros já havia relatado oficialmente,
em 2015, inúmeras irregularidades que poderiam provocar ou dificultar o combate
a incêndios no edifício. De acordo com o porta-voz da Corporação, Marcos
Palumbo, um laudo sobre a situação de risco foi encaminhado ao Ministério
Público, que seria responsável por tomar providências de prevenção. "A
gente verificou que haviam rotas de fuga obstruídas, com lixo e material
altamente inflamável, problemas com botijões de gás. Poderiam ser problemas que
causassem incêndios e as chamas se espalhassem de maneira muito rápida [...]
Nosso papel foi encaminhado ao Ministério Público para que ele promovesse as
ações necessárias", afirmou Palumbo em coletiva de imprensa no local
do incêndio.
O MP/SP que não costuma punir
governantes da Prefeitura ou do Estado que sejam do PSDB, e muitas vezes se
preocupa mais com torcidas organizadas de futebol, informou que o prédio já
havia suscitado a abertura de um inquérito civil para apurar possíveis riscos
já em 2015, e que de fato não havia um laudo favorável dos bombeiros conhecido
como Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB).
Necessário dizer que por trás de todas
as invasões existe uma verdadeira indústria que coordena e extorque os pobres
coitados dos necessitados que não tem moradia.
É mais uma tragédia que entrará para
os arquivos da história sem ter responsáveis investigados, condenados e punidos
pelo descaso, pela omissão, pelas mortes e feridos, além de todo prejuízo
causado ao erário, aos terceiros e a cidade.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger e Gestor Público.
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