A Cabalá já foi descrita como a matemática
dos sentimentos; ela é uma ciência espiritual exata, que estudou cuidadosamente
como os seres humanos pensam, aspiram e amam. Ela fornece descrições precisas de
cada nuance de pensamento e sentimento; nos ensina a harmonizar mente e
espírito e a compreender a complexidade do universo. Uma de suas inúmeras vertentes,
baseada em indícios cósmicos, consegue responder quem combina com quem ou, o que
faz duas pessoas se encontrarem e se manterem juntas?
Alma gêmea é uma expressão cabalista, por
isso recorri a essa milenar tradição para entender o seu significado e procurar
responder a essas indagações.
Talvez a resposta esteja em um dos escritos
do mestre espanhol Joseph ben Abraham Gikatilla (1248 – 1305): “Quando um ser é
criado, forçosamente o seu cônjuge é criado de forma simultânea, porque no Mundo
Superior não se produz uma alma que não contenha o masculino e o feminino, como
está escrito no versículo”. Gikatilla estava se referindo ao versículo 1:27 de Gênesis:
“e o Divino passou a criar o homem à Sua imagem, à Sua imagem o criou, macho e
fêmea os criou.”
Então é possível entender que, nessa etapa
da Criação – no projeto ou na concepção - este ser espiritual, é Uno como seu Criador.
É um andrógino reproduzindo por completo a imagem do Divino com todos os seus componentes.
Ao tornar este ser carnal, isto é, ao cobrir seu espirito com o pó da terra e soprar
nas suas narinas o fôlego da vida, o Criador resolve separar as duas polaridades:
Eva foi retirada do lado de Adão porque era uma das metades daquele ser Uno.
O Sefer Há Zohar (o Livro do Esplendor,
básico no estudo da Cabalá) também ensina que a nossa alma é una, contemplando as
duas polaridades ou os dois aspectos: o masculino e o feminino que, no entanto,
são separados quando aportamos neste nosso mundo físico.
Diz o Zohar: “Todas as almas do mundo,
que são fruto das mãos do Todo Poderoso, são misticamente uma, mas quando descem
a este mundo são separadas em macho e fêmea”. “Só o Criador e nenhum outro, pode
uni-los, pois, Ele é o único a saber o par próprio de cada um. Feliz a pessoa que
é reta nas suas obras e caminha na verdade, de forma que estas duas partes da mesma
alma possam se encontrar”.
Autor:
Paulo Cesar Razuk
Professor
Titular aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Engenharia
da Unesp – Campus de Bauru
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