O Sistema Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) é um serviço do Governo do Estado de São Paulo que gera muitas dúvidas na população. Os usuários do SUS também demonstram não entender ao certo como funciona a distribuição de recursos do Cross.
O Cross é um serviço que organiza a regulação de recursos disponíveis na saúde pública. O sistema trabalha em vários âmbitos: pré-hospitalar, ambulatorial, regulação entre regiões. Estas são as frentes ordenadas pelo Cross, que é um sistema atualizado pelos próprios médicos, a fim de buscar os melhores recursos, mais próximos do paciente.
É um sistema unificado em todo o Estado, mas que funciona, principalmente, de maneira regionalizada, através das regiões de saúde. Temos, além dos recursos em nossa cidade, alguns que são oferecidos em outros municípios e recebem pacientes de toda nossa região. A ideia é que se encontre o que o paciente precisa no lugar mais próximo, porém às vezes é necessário ir para outros lugares.
Uma das maiores dificuldades que a população tem com relação ao entendimento do Cross é que, muitas vezes, o serviço é associado apenas à distribuição de vagas em hospitais. É um sistema de regulação de diversos recursos. Vagas, exames, cirurgias, medicamentos, tudo isso entra no CROSS.
Na prática, entretanto, a central é responsável por regular mais óbitos do que alocar pacientes em leitos hospitalares. Uma paciente com 88 anos de idade, dá entrada na Santa Casa de Bariri, onde sofreu acidente e quebrou a perna. A Santa Casa entra no Cross e envia pedido para internação e cirurgia para a Santa Casa de Jaú.
A unidade de Jaú recusa o pedido no Cross por duas vezes, alegando que a Santa Casa de Bariri, possuía condições de realizar o procedimento cirúrgico, algo que a Santa Casa afirmava não possuir. Em meio a tanta burocracia após quatro longos dias, enfim a Santa Casa realizou a cirurgia.
O Cross é usado como escudo, carapuça por muitos no sistema, onde negam atendimento, tergiversando sobre o Cross. Em Bauru, nos últimos anos, centenas de pacientes vieram a óbito enquanto aguardavam vagas de leitos hospitalares para realizarem procedimentos cirúrgicos na cidade. Em momento algum, o governo do Estado discutiu ou interferiu no sentido de evitar mortes desnecessárias por falta de atendimento imediato.
Na
prática, o Cross é algo maravilhoso, resta definir para quem, porque com
absoluta certeza, não é para os pacientes e seus familiares que vivem dias
desesperadores aguardando que o sistema funcione de verdade.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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