Desde
há muito tempo que a Confederação Brasileira de Futebol – CBF enfrenta a
desconfiança de uma parcela grande de nossa sociedade. Por muitas vezes,
frequentando as páginas policiais com denúncias de corrupção, desvios e o
favorecimento dos seus membros eleitores (Presidentes de federações e de clubes
filiados).
Em
2012, na gestão Ricardo Teixeira, genro de João Havelange, os casos começaram a
vir à tona. Os principais foram os seguintes:
Caso ISL:
Em 2012, documentos judiciais na Suíça revelaram que Teixeira e seu sogro, João
Havelange (então presidente da FIFA), receberam propinas da empresa de
marketing esportivo ISL em troca de direitos de transmissão da Copa do Mundo.
Estima-se que tenham recebido mais de 40 milhões de dólares em subornos entre
1992 e 2000.
CPI do Futebol
(Brasil): Teixeira foi alvo de diversas investigações no
Brasil, incluindo a CPI do Futebol na Câmara dos Deputados. Ele foi acusado de
irregularidades em contratos da CBF, incluindo um contrato com a Nike, e de
tomar empréstimos com taxas de juros elevadas em nome da confederação.
Investigações da
FIFA: O Comitê de Ética da FIFA investigou Teixeira
por supostos esquemas de corrupção ocorridos entre 2006 e 2012, relacionados à
concessão de contratos de mídia e marketing de competições da CBF, CONMEBOL e
CONCACAF.
Banimento da FIFA:
Em novembro de 2019, a FIFA baniu Ricardo Teixeira para sempre de qualquer
atividade relacionada ao futebol. A entidade o considerou culpado de
suborno, recebendo propinas em contratos da Libertadores, Copa América e Copa
do Brasil. Ele também foi multado em 1 milhão de francos suíços.
Acusações nos EUA
(Caso FIFA Gate): Teixeira também foi implicado nas
investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos no âmbito do
escândalo FIFA Gate. Ele foi acusado de receber propina para votar no Catar
como sede da Copa do Mundo de 2022.
Em
seu lugar, entrou o paulista José Maria Marin que não demorou a se envolver com escândalos como seu antecessor. José Maria Marin foi um dos principais alvos
das investigações do FIFA Gate, a partir de 2015. Os principais casos de
corrupção que envolveram José Maria Marin incluem:
Recebimento de
propinas por direitos de transmissão: Marin foi acusado e
posteriormente condenado por receber milhões de dólares em propinas de empresas
de marketing esportivo em troca da concessão de direitos de transmissão de
grandes competições de futebol, como a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa
do Brasil.
Organização
criminosa, fraude bancária e lavagem de dinheiro:
As investigações revelaram um esquema sistemático de corrupção envolvendo
diversos dirigentes da FIFA e de confederações sul-americanas e caribenhas, no
qual Marin teve um papel central. Ele foi considerado culpado por participar
dessa organização criminosa, cometer fraudes bancárias e lavar o dinheiro
ilícito.
Subornos em troca de
contratos: Documentos e testemunhos apresentados durante
o julgamento nos Estados Unidos indicaram que Marin negociava e recebia
pagamentos de suborno em troca de sua influência na assinatura de contratos
comerciais da CBF e de outras entidades.
Condenação e
Banimento:
Em 2017, José Maria
Marin foi considerado culpado em seis das sete acusações de corrupção nos
Estados Unidos.
Em 2018, foi
sentenciado a quatro anos de prisão, além de ser obrigado a pagar multas e
restituições milionárias.
Em 2019, a FIFA o
baniu para sempre de qualquer atividade relacionada ao futebol.
Após
a prisão de Marin, assume a CBF o também paulista Marco Polo Del Nero, bom
vivant, sempre rodeado de modelos mais novas. Durou pouco o seu reinado na CBF,
sendo investigado pelos mesmos motivos de Teixeira e Marín.
Investigações do FBI
e da Justiça dos EUA: Del Nero foi indiciado nos Estados
Unidos por acusações de conspiração, fraude eletrônica e lavagem de dinheiro,
relacionadas ao recebimento de propinas em troca de contratos de direitos de
transmissão de competições como a Copa Libertadores, Copa América e Copa do
Brasil.
Banimento da FIFA:
Em dezembro de 2017, o Comitê de Ética da FIFA o suspendeu
provisoriamente por 90 dias de todas as atividades relacionadas ao futebol. Em abril
de 2018, a FIFA o baniu para sempre do futebol, tanto em nível
nacional quanto internacional, após considerá-lo culpado de suborno e
corrupção, além de outras violações do código de ética da entidade. Ele
também foi multado em 1 milhão de francos suíços.
Com
a saída de Del Nero, alguns interinos assumiram até que Rogério Caboclo,
torcedor fervoroso do São Paulo, assumiu a CBF em 2018. Rogério Caboclo durou
apenas três anos à frente da CBF, sendo afastado da presidência em junho de
2021 pelo Conselho de Ética da entidade. A decisão foi tomada após
denúncias de assédio moral e sexual feitas por funcionárias da CBF.
As
principais razões para o seu afastamento foram:
Denúncias de Assédio:
Pelo menos três funcionárias da CBF o acusaram formalmente de assédio sexual e
moral. As denúncias incluíam relatos de comportamentos abusivos, tentativas de
contato físico forçado e comentários inapropriados.
Decisão do Conselho
de Ética: Diante da gravidade das acusações, o Conselho
de Ética da CBF decidiu suspendê-lo preventivamente do cargo por 30 dias
inicialmente. Essa suspensão foi posteriormente prorrogada e ampliada.
Afastamento pela
Justiça do Trabalho: Em setembro de 2021, a Justiça do
Trabalho do Rio de Janeiro também determinou o afastamento de Rogério Caboclo
da CBF por um ano, em caráter liminar, devido às denúncias de assédio sexual.
Suspensão pela
Assembleia Geral da CBF: Em setembro de 2021, a Assembleia Geral
da CBF decidiu, por unanimidade, afastá-lo da presidência até março de 2023,
acompanhando a decisão do Conselho de Ética.
Assume
interinamente o vice-presidente mais velho da entidade na época, Antônio
Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes. Ele já havia
assumido a presidência interinamente em outras ocasiões, como após o
afastamento de Marco Polo Del Nero.
No
entanto, Coronel Nunes não ficou no cargo por muito tempo. Em agosto de 2021,
Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF de forma interina.
Posteriormente, em março de 2022, Ednaldo Rodrigues foi eleito
presidente para o mandato 2022-2026.
Essa
é uma parte da história recente desta entidade que comanda o futebol
brasileiro, acumula milhões em seu caixa, gasta pouco com os clubes menores,
porém, favorece os seus aliados que tem direito a voto. Os presidentes das 27
federações de futebol mais a do DF, recebiam o obsceno salário de R$ 50.000,00
(Cinquenta mil reais) mensais. Para garantir sua reeleição Ednaldo aumentou os
vencimentos deles para R$ 250.000,00 (Duzentos e cinquenta mil reais).
Equivalente a 166 salários mínimos ou cinco vezes o salário de um Senador da
República que recebe algo em torno de R$ 46.366,00.
Isso
mostra que aquela entidade não tem fiscalização, não tem controle de seus
gastos, e quem manda, deita e rola em muito dinheiro. Isso em parte explica
porque a seleção é relegada a segundo plano, mal administrada e com influências
de pessoas distantes do mundo do futebol.
Autor: Rafael Moia
Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado
em Gestão Pública.