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19 de novembro de 2025

Quando banqueiros começam a pegar prisão renasce um fio de esperança!

 

Não está distante os golpes perpetrados contra a Mesbla, Lojas Americanas, Lojas Ricardo Eletro. Foram bilhões surrupiados e jamais devolvidos aos colaboradores, fornecedores e governo (impostos).

No caso das Lojas Americanas houve uma fraude contábil bilionária, atribuída a executivos da loja. O então CEO Miguel Gutierrez foi apontado como líder do esquema de manipulação de balanços para inflar resultados. A empresa iniciou processo arbitral contra ele e outros ex-diretores pelos danos materiais e imateriais da fraude.

Outro caso famoso foi o das Lojas Ricardo Eletro - A rede teve problemas graves com gestão: seu fundador, Ricardo Nunes, e familiares foram presos sob acusação de sonegação de mais de R$ 400 milhões de impostos. A empresa entrou com recuperação judicial.

No caso mais antigo, Ricardo Mansur dono das Redes de Varejo– Mesbla / Mappin, foi acusado de gestão fraudulenta, tendo levantado altas linhas de crédito para manter as empresas que estavam em dificuldades.

Condenações: Ele foi condenado por crimes contra o sistema financeiro nacional, incluindo gestão fraudulenta (do Banco Crefisul) e gestão temerária (da Mappin Previdência Privada), com penas que somavam mais de 11 anos em regime semiaberto. Prisão: Mansur chegou a estar foragido da Justiça por anos. Foi preso em São Paulo em janeiro de 2020, mas a Justiça, mesmo assim, autorizou o cumprimento da pena em prisão domiciliar. Bens: Houve tentativas judiciais de rastrear e bloquear seu patrimônio pessoal, suspeito de ter sido ocultado para pagar credores.

Os três casos exemplificados têm em comum a impunidade dos envolvidos. Nenhum deles encontra-se preso em regime fechado, cumprindo pena pelos crimes cometidos.

Nesta manhã de 18 de novembro de 2025, o país amanheceu com os telejornais e as rádios anunciando a prisão do banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, no Aeroporto de Guarulhos, onde pretendia empreender fuga para Malta. Seu sócio, Augusto Lima, também foi detido.

Motivo: A prisão ocorreu no âmbito da Operação Compliance Zero da Polícia Federal, que investiga a emissão de títulos de crédito falsos e fraudes envolvendo instituições financeiras. Os crimes investigados incluem gestão fraudulenta, gestão temerária e organização criminosa.

·        Nelson Nogueira Pinheiro e seus irmãos, investigados pela Polícia Civil de SP em abril de 2025 na Operação Floresta Devastada, por suspeita de desvio de recursos de clientes para offshores.

·        O falso banqueiro Wittenberg Magno Ribeiro, denunciado em 2024 por estelionato e associação criminosa por prometer empréstimos a empresários e desaparecer com o dinheiro.

A PF estima que as fraudes e os golpes ultrapassem R$ 12 bilhões de reais do sistema financeiro. Claro que ainda é cedo para sabermos se os envolvidos serão julgados e condenados e se terão de cumprir penas em regime fechado.

A prática infelizmente é comum para os grandes empresários e políticos que conseguem da Justiça a concessão graciosa para cumprimento da pena em regime domiciliar. Isso é uma excrescência e um golpe aviltante contra o conjunto da sociedade brasileira.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

17 de novembro de 2025

Novo partido amplia o racha da direita

  

Criado pelos fundadores do MBL, o novo partido quer dialogar com a geração Z e se afastar do legado de Bolsonaro, mas pode fragmentar ainda mais o campo conservador. Reprodução Instagram.

Fundado por líderes do MBL, o 30º partido brasileiro tenta atrair jovens eleitores e ocupar o espaço deixado pela crise do bolsonarismo. Nasceu o 30º partido político brasileiro. Foi batizado de Missão por seus fundadores, os mesmos que em 2014 criaram o Movimento Brasil Livre. O MBL surgiu das insurreições de junho de 2013, que eclodiram por todo o país com a palavra de ordem "não é só pelos vinte centavos". No ano seguinte, quando estourou a Lava-Jato, destacou-se nos protestos em diversas capitais, especialmente em São Paulo. Liderou manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff.

Na definição do professor da UFBA Wilson Gomes, durante quase dez anos o MBL foi "uma startup que promove a fúria política e a sensação de que tudo está fora da ordem para vender os seus membros e a sua própria ideologia como a transformação da política de que todo mundo está precisando."

O movimento vira agora partido político prometendo apresentar propostas concretas para conquistar os millenials e a geração Z, a faixa de eleitores que vai dos 16 aos 45 anos, e um candidato à Presidência, provavelmente Renan Santos, 41 anos, coordenador do MBL. O público-alvo apontado por Santos representa cerca de 55% do eleitorado nacional. O grupo dos mais jovens (16 a 34 anos) é justamente o que mais critica o governo Lula - 54% de reprovação, segundo pesquisa Quaest de outubro.

A entrada do Missão no tabuleiro partidário acontece num momento de maré baixa para o bolsonarismo, uma janela aberta para a conquista dos desiludidos com o ex-presidente e seus aliados do PL. O novo partido tem muito chão a percorrer para influenciar uma eleição, mas seus idealizadores já mostraram fôlego quando conseguiram, na década passada, ajudar a tirar da esquerda, por bom tempo, o monopólio das ruas.

Se o PT e a esquerda poderão ter mais trabalho para conquistar corações e mentes da juventude, a boa notícia para Lula é que o Missão ajuda a embaralhar o jogo eleitoral da direita, ainda mais dividida depois da condenação de Jair Bolsonaro. Tarcísio de Freitas, Ratinho Jr, Ronaldo Caiado e Romeu Zema, os governadores citados como possíveis representantes do campo da direita na disputa presidencial, ainda não sabem o que fazer. Prometem apenas se unir num segundo turno contra Lula.

O novo Missão diz que ficará fora disso: "Não somos a mesma direita dos caras", declarou Renan Santos à Folha de S.Paulo. Por enquanto, Lula pode assistir sem sustos à disputa pela "cara" da direita que enfrentará no ano que vem. 

Autora: Lydia Medeiros – Publicado no Congresso em Foco.

Sem educação, o ciclo da violência não acaba!

Não dá para acusar um jovem de escolher o crime quando essa foi a única vida que lhe foi apresentada, escreve Vinícius de Andrade. Foto Carl de Souza - AFP.

A presença do Estado nas comunidades não pode se resumir à ação policial; é preciso investir também em políticas eficazes de educação, cultura e lazer.

Outubro de 2025 será sempre lembrado como o mês da operação policial mais letal da história brasileira, pelo menos até então. Mais de 100 jovens perderam suas vidas e no dia seguinte, por ação dos próprios moradores da comunidade da Penha, seus corpos sem vida estavam nas ruas.

A foto dos corpos rapidamente viralizou nas redes sociais e os comentários, como já esperado, sinalizaram não apenas a gravidade da polarização que assola o país, mas também algumas questões que merecem reflexão.

Entre os comentários, houve quem comemorasse as mortes. Esse ponto não pode ser naturalizado. Não se trata de "defesa de bandido" ou "debate ideológico": celebrar a morte de qualquer pessoa, jovem ou policial, revela o grau de desumanização a que chegamos.

Precisamos falar sobre segurança pública

A problemática é complexa e precisamos analisar de forma racional. Eu genuinamente entendo quem simplesmente está exausto de ter medo de andar nas ruas e não apenas ter o celular roubado, como também correr o risco de apanhar ou perder a própria vida. É frustrante saber que, no fundo, esses jovens sabem que nada irá acontecer com eles.

Mas aqui, pensando em soluções, precisamos ser racionais, maduros e, acima de tudo, manter a nossa humanidade. Concordo que precisamos de políticas públicas de segurança mais eficientes, mas elas não passam por ceifar vidas e tampouco por prisão perpétua.

Em relação à segurança pública, dada a complexidade do tema e a minha limitação de caracteres, limito-me aos comentários acima.

Mas também precisamos de educação

A percepção simplista via redes sociais é a de que a galera da direita acredita que a solução se concentra apenas na área da segurança, através de medidas punitivas, enquanto quem é de esquerda acredita que educação e cultura são as únicas soluções. É quase como se precisasse ser um ou outro, mas as políticas devem coexistir.

Precisamos de políticas que verdadeiramente farão o jovem pensar, antes de roubar um celular, se vale a pena ou não. Ao mesmo tempo, precisamos de políticas que trarão para as futuras gerações outras perspectivas, para que saibam que existem outras possibilidades de mobilidade social para além do crime, de modo que roubar um celular nem seja uma possibilidade a ser cogitada.

Só a educação e a cultura têm esse poder. A presença do Estado nas comunidades não pode ser apenas em dias de ações policiais, mas também através de escolas com boa infraestrutura e projetos de cultura, esporte e lazer.

A educação é mágica?

Educação e cultura são poderosos instrumentos para o desenvolvimento de qualquer país, mas não são mágicos. Ou seja: teremos um Brasil de conto de fadas só criando políticas de incentivo à cultura e à educação? É óbvio que não.

Ainda que o país esteja operando em pleno potencial nessas duas áreas, ainda haverá problemas, como desigualdade e criminalidade. A questão é que, sobretudo em comunidades carentes, a cultura e a educação estão a quilômetros de distância de operar em pleno potencial.

Faço aqui uma provocação: tente se lembrar de você quando era criança ou adolescente. Em que mundo você iria preferir aprender a roubar, fugir da polícia ou matar em vez de poder apenas ser criança e adolescente e se preocupar com as coisas com as quais usualmente nos preocupamos nessa fase? Acha mesmo que alguma criança faz essa escolha?

Não podemos falar que um jovem escolheu seguir a vida do crime quando essa foi a única vida que lhe foi apresentada.

Não podemos falar de falta de interesse, em um cenário de falta de informação, oportunidade e investimentos em cultura e em educação.  

Autor: Vinícius de Andrade é Fundador do programa Salvaguarda. Publicado no DW.