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16 de dezembro de 2025

O sertanejo que nasceu pobre, mas vive da exploração de shows com recursos públicos

                                                          Charge de Nando Motta.

O cantor Zezé de Camargo, da dupla Zezé e Luciano, choramingou na sua rede social através de um vídeo contra o fato de a emissora SBT ter convidado o Presidente da República para a inauguração de seu canal de notícias, o SBT News. Na cabeça fraca do cantorzinho bolsonarista, as emissoras não podem chamar o Presidente da República para entrevistas e, talvez, ele preferisse que a emissora chamasse Jair Messias Bolsonaro, porém a agenda do presidiário está lotada e ele não pode sair do DF.

A incoerência do rapaz que um dia nasceu pobre e lutou para ficar rico com sua música é algo que salta aos nossos olhos. Afinal de contas, recebem milhões explorando shows em cidades cuja as prefeituras os custeiam com dinheiro público. Estes shows de Zezé Di Camargo e Luciano são publicados no Diário Oficial e em portais de transparência, o que indica o uso de recursos públicos para pagar cachês artísticos.

Foi assim em Porto Belo (SC), reduto bolsonarista tradicional daquele estado em outubro de 2025, onde a prefeitura contratou a dupla para se apresentar durante o 10º Festival do Camarão.

O contrato foi feito por inexigibilidade de licitação — formato permitido para artistas consagrados — e pagou R$ 450 mil para o show, custeado por recursos da Fundação Municipal de Turismo e Desenvolvimento de Porto Belo.

No evento, o cantor chegou a fazer um gesto político no palco, levantando uma camiseta pedindo anistia aos presos dos atos de 8 de janeiro de 2023, o que gerou grande repercussão nas redes sociais e imprensa.

Outro caso relatado pela mídia foi em Mato Grosso, onde inclusive a Justiça suspendeu a realização de uma “Festa do Peão” que contava com cachê de cerca de R$ 500 mil para Zezé Di Camargo, além de outros artistas, por considerar o gasto público aviltante diante da situação financeira do município — e isso também envolvia contratações custeadas por recursos públicos via Estado e prefeitura.

Também há registros em Diários Oficiais municipais de contratações artísticas do cantor via inexigibilidade de licitação, como um contrato de cerca de R$ 460 mil publicado pelo município de Coração de Jesus (MG) para show em maio de 2025.

A memória do cantor é fraca. Ele esqueceu que o filme "2 Filhos de Francisco - A História de Zezé Di Camargo & Luciano" (2005) recebeu incentivos fiscais federais.

O filme foi produzido com o apoio da Lei Rouanet (Lei Federal de Incentivo à Cultura) e/ou por mecanismos como a Lei do Audiovisual, ambos gerenciados pelo Governo Federal (Ministério da Cultura e, no setor audiovisual, pela ANCINE).

Portanto, a hipocrisia do cantor contra Lula vai até a página dois, pois quando se trata de amealhar fortunas com recursos de prefeituras ou do Estado brasileiro a dupla não se importa com a origem do dinheiro, nem a falta que ele poderia fazer aos cofres e as comunidades das cidades.

Também não o incomoda receber recursos do âmbito federal, o que o incomoda é o presidente Lula. Claro que na sua insignificância não saberia explicar o motivo do ódio ao Lula. Não saberia explicar por que tem raiva de quem tanto ajuda aos pobres enquanto venerava um vagabundo das motociatas que nada fez pelo povo de Goiás ou do resto do país em quatro anos de governo. 

                                                    Cantor com senador e um presidiário
 

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.   

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