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1 de julho de 2024

O que fazer?

  

Escola visita projeto É hora da horta, no bairro Casa Verde, em São Paulo educação ambiental é uma das respostas para crise climática - Pedro Stropasolas. 

No final dos anos 1990, início dos anos 2000, sob liderança de professoras e professores da comunidade, como Celso Piccinini e Lourdes Reckziegel Piccinini, hoje aposentados e ainda moradores e atuantes na comunidade, a Escola São Luiz de Santa Emília, minha escola nos anos 1950/1960, no município de Venâncio Aires, interior do interior do Rio Grande do Sul, fez ações e jornada que precisam lembrados em 2024.

A escola fez ações ecológicas, como uma horta comunitária, alunas e alunos aprendendo a plantar e produzindo sua própria comida, chás caseiros, entre outras iniciativas. A principal ação era: ao lado de professoras e professores, crianças e pré-adolescentes iam para a beira do Arroio Grande, que banha a propriedade da minha família de agricultores familiares, onde íamos brincar e tomávamos banho quando crianças, e que atravessa a comunidade. O que faziam professoras e professores, alunas e alunos da Escola São Luiz, de ensino fundamental, há mais de 20 anos? Plantavam árvores em suas beiras e reforçavam as matas ciliares ao seu redor.

Era um aprendizado e, ao mesmo tempo, era o cuidado com a natureza, o meio ambiente e a Casa Comum. Agora, maio de 2024, quando fui “obrigado” a ficar 45 dias na casa da família, sem poder voltar a Porto Alegre, visitei as margens do Arroio Grande e caminhei alegre e saudosamente na sua beira, relembrando os tempos de outrora. Há árvores por todos os lados na sua beira, a água correndo forte, depois de toda chuva, dentro do leito.

É preciso acordar e colocar a crise climática e as mudanças climáticas no centro da vida, no centro de tudo, para ter esperança e futuro. Manchete na contracapa da edição de final de semana do principal jornal gaúcho, que, aliás, voltou a estar nas bancas de jornais, depois de muitos dias sem edição impressa: “Educação Ambiental. Diante dos problemas climáticos que afetam o Estado, escolas gaúchas têm proporcionado atividades para incentivar a conexão entre as crianças e a natureza. Os alunos do Colégio Anchieta, na capital, aprendem sobre sustentabilidade no museu da instituição de ensino” (Zero Hora, 15/16 de junho de 2024).

As manchetes em páginas internas são: “Debates sobre mudanças climáticas ainda mais em evidência nas escolas. Importantes na promoção da consciência, estudantes devem ter acesso a conteúdo sobre o tema, apontam especialistas” (Zero Hora, 15/16 de junho de 2024, página 16). Declaração de Betina Steren dos Santos, coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCRS: “Precisamos colocar o tema ambiental de maneira muito mais intensa, prática e relacionando com a realidade”.

Outra manchete na mesma edição: “Atividade estuda o Morro das Abertas, na capital” (Zero Hora, p. 17). A manchete abaixo de uma foto de estudantes visitando o Morro das Abertas é esta: “Integrantes do projeto do Colégio Professor Anísio Teixeira participaram de caminhada pedagógica”. Diz a professora do projeto de Educação Ambiental da Escola Municipal de Ensino Fundamental, na zona sul de Porto Alegre, Cynthia Bairros Tarragô Carvalho: “Incentivamos os alunos a entenderem porque o morro é importante para a cidade, quais são as suas características e espécies. A ideia é conhecer para preservar. Estamos tendo problemas com as mudanças climáticas e precisamos mais do que nunca cuidar o que é nosso”.

Imaginemos o que teria acontecido se essas ações tivessem sido feitas por décadas em todo Rio Grande do Sul e Brasil? As enchentes seriam do tamanho que foram, com os estragos que trouxeram? Há um estudo a respeito, visualizado por meio de um mapa do Vale do Taquari, onde aconteceram as maiores destruições no Rio Grande do Sul. Nas margens dos rios que banham a região, especialmente as do rio Taquari, onde há matas ciliares, as águas ficaram dentro do rio, não avançando sobre terras, comunidades e territórios.

“Um rio, duas margens: tragédia no Vale do Taquari foi maior em lado menos preservado”, do repórter Gabriel Gama, Agência Pública, também no Brasil de Fato e no Matinal, no dia 6 de junho: “Uma das regiões mais afetadas que atingiram o Rio Grande do Sul, o entorno do rio Taquari, carece de um tipo de proteção que poderia ter ajudado ao menos a reduzir o impacto da tragédia. Apenas 31% das APPs, Áreas de Preservação Permanente – margens dos rios, que são protegidas por lei –, estão, de fato, cobertas com vegetação nativa. É o que revela um levantamento de pesquisadores do Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari a partir de dados da Plataforma MapBiomas.”

“É inegável a proteção que as florestas exercem sobre as margens dos rios. Essa cobertura vegetal reduz muito a velocidade da água, por conta da resistência provocada pela vegetação, e também previne a erosão do solo. Por conta disso, evita um estrago maior nas porções de terra próximas ao rio”, explica Cleberton Bianchini, engenheiro ambiental egresso da Universidade do Vale do Taquari (Univates) e responsável pela análise.

O melhor sempre é a ação concreta, ainda mais quando envolve jovens estudantes. É ir para a rua, para a prática, sair da sala de aula, sentir o cheiro das árvores e das mudas plantadas. Fácil, relativamente fácil, não? Imagina se todas as escolas tomassem esse tipo de iniciativa!

A realidade pode ser mudada, sim, em pouco tempo, com solidariedade e ações concretas das escolas e da comunidade. Nos programas eleitorais das eleições de outubro, é preciso cobrar, exigir de todas as candidatas e todos os candidatos e partidos a presença do tema das mudanças climáticas e do cuidado com a Casa Comum. Com a proposição, entre outras, de que todas as escolas gaúchas e brasileiras tenham ações e iniciativas como fez lá atrás a minha sempre Escola São Luiz de Santa Emília. Um outro mundo é possível, sim, assim como é cada vez mais urgente e necessário.

Autor: Selvino Heck – Publicado no Brasil de Fato.

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