Brasil de Fato - Brasil de Fato - Seja com a mulher que reivindica o direito reprodutivo ou com o casal homoafetivo que volta para casa no transporte público, a pedagogia da opressão é certeira. Foto Tânia Rego da Agência Brasil.
A subalternidade é uma condição imposta desde o domínio colonial, pela exploração material, ideológica e pela força.
Uma pessoa ou um grupo não pode ser subalterno por natureza. Se há esta condição, ela está diretamente ligada a necessidade de um “outro” em hierarquizar para dominar, assim ao longo dos séculos lidamos com a contradição contínua entre o mito do progresso em direção ao bem comum e a realidade das formas de opressão que nos levam em direção a barbárie e cá estamos, a universalização de um certo tipo específico de ser humano nos empurra para a contínua desumanização de todo o “resto”.
Se ainda não entendeu, imagine que você está exercendo seu direito fundamental de existir, ser e estar no mundo como sujeito de sua própria vida, então algum desconhecido vem até você manifestando hostilidade e violência. Não há exatamente um motivo para isso, a não ser o fato de que sua existência o incomoda.
Seja com a mulher que reivindica o direito reprodutivo ou com o casal homoafetivo que volta para casa no transporte público, a pedagogia da opressão é certeira, constranger, dominar, explorar e extinguir qualquer direito humano para que assim também se exclua o direito à humanidade.
O nó que amarra as opressões, embora não seja responsabilidade de um indivíduo
especifico, é tensionado por um agente bem treinado para isso, o tal do homem,
branco, heterossexual, que tem como horizonte o domínio de sua masculinidade
frágil sob qualquer sujeito que lhe pareça uma ameaça. O problema é que esse
sujeito vê tudo que não é espelho como ameaça que deve ser aniquilada. No
domingo, isto aconteceu dentro de um ônibus em Curitiba, as circunstâncias
revelam um modo de agir cruel e comum, a prática de subalternizar, humilhar,
desumanizar e destruir a vida de qualquer um que se mostre diferente ou que
defenda a diversidade.
Para cada Oziel que se levanta, há milhares de homens que silenciam, que
justificam e perpetuam a lógica sistêmica que mantêm seus privilégios intactos,
a mensagem passada segue sendo a mesma: “Não se meta, ou você também será
punido”. Nesse cenário em que se proliferam machos alfas disfuncionais,
precisamos retomar a cobrança e o constrangimento coletivo desses que
reivindicam sua humanidade às custas da vida alheia.
Autor:
Fernan Silva – Artigo publicado no Brasil de Fato.
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