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5 de março de 2024

Se nem na maior cidade da América do Sul as leis são cumpridas, onde seriam?

 

Embora as cidades brasileiras estejam todas sujeitas às mesmas obrigações com relação às leis federais, temos a impressão de que nos últimos anos isso nem sempre é verdadeiro.

O prefeito de São Paulo, maior cidade da América do Sul, Ricardo Nunes (MDB-SP), eleito na esteira da popularidade do então prefeito Bruno Covas, com a morte deste assumiu a prefeitura paulistana e agora tenta a reeleição.

Não tem mais o PSDB no colo e tenta desesperadamente colar seu nome ao bolsonarismo, visando os eleitores conservadores e que votam apenas e tão somente sob o viés da ideologia barata.

Entretanto, começam a surgir na mídia denúncias graves de obras sem licitações, suspeitas de combinações de preços entre empresas concorrentes, entre outras irregularidades. É patético que sejam justamente os políticos e partidos de direita que acusam a esquerda de corrupção, na maioria das vezes sem provas, enquanto nas suas gestões a lama escorre a céu aberto.

Em 73% dos contratos para obras emergenciais existe indícios graves de combinação de preços entre empresas concorrentes. São obras para contenção de encostas, intervenções em margens de rios, córregos e galerias pluviais, recuperação de passarelas, pontes ou viadutos.

Em 56% dos contratos, apenas o vencedor apresentou desconto relevante — as outras empresas não ofereceram desconto ou recusaram o convite para participar da disputa. Em outros 17% dos contratos, os demais concorrentes apresentaram descontos irrisórios —abaixo de 0,3 ponto percentual do valor de referência. Os valores com indícios de combinação somam R$ 4,3 bilhões, ou 87% do total contratado emergencialmente.

Para se ter uma vaga ideia do que está acontecendo na atual gestão de Nunes em São Paulo, foi apurado que o atual prefeito gastou R$ 3,7 bilhões entre janeiro de 2022 e outubro de 2023 nos contratos emergenciais, segundo os dados do TCM. O valor representa 294,5% a mais do total pago de 2009 até 2021 na capital paulista para obras desse tipo — quase R$ 950 milhões. A comparação dos gastos foi feita a partir da gestão de Gilberto Kassab (PSD) em 2009.

Ao ver esse tipo de prática suspeita e com fortes indícios de crimes contra o erário, percebemos o quão frágil é o nosso sistema de fiscalização e punição aos nossos governantes. O Tribunal de Contas da União ou do Município apontam as irregularidades gravíssimas e nada acontece, no final do mandato a maioria do mesmo político aprova suas contas e a vida segue.

Não é de estranhar apenas a fixação do prefeito em colar sua candidatura ao político inelegível, sem legado, que não tem obras ou serviços para serem mostrados, e que ainda por cima, está sendo investigado por ser o mandante da tentativa de golpe no 08 de janeiro de 2023. Faz todo sentido...

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Acadêmico da ABLetras, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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