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18 de dezembro de 2023

Perversidade do sionismo israelense assusta até seus mais íntimos protetores ocidentais!

  

Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA): Os pesados bombardeios em Gaza continuam. Em 16 de dezembro, os ataques aéreos mais intensos foram relatados em Khan Yunis e na cidade de Gaza. A maioria das pessoas está deslocada e passa fome, o sistema de saúde mal funciona e não existem condições para operações humanitárias numa escala significativa. Ninguém e nenhum lugar estão seguros. Foto: El-Baba/ Unicef.

Já dissemos isto em outras oportunidades, mas é indispensável repeti-lo uma vez mais: o sionismo é uma criação ocidental, mais especificamente, europeia. Trata-se de uma ideologia política surgida no bojo das disputas nacionalistas Inter burguesas que ganharam destaque na Europa do século 19.

Também, faz-se necessário ressaltar que o sionismo é uma corrente de pensamento político tipicamente vinculado à burguesia judaica europeia daquele período, e não de suas extrações operárias. Até antes da ascensão do nazismo na Alemanha, a incidência do sionismo entre as massas de trabalhadores judeus era praticamente insignificante.

A amplíssima maioria desses trabalhadores se inclinava muito mais por propostas políticas que apontavam para a construção de sociedades socialistas em sua região de moradia do que num projeto de cunho colonialista em outra parte do mundo. Os trabalhadores judeus, assim como o operariado de modo geral, sofreram violentíssimas repressões a mando das classes dominantes europeias. Foi na Europa, e não em nenhum outro lugar do planeta, que os judeus foram perseguidos, vilipendiados e tratados como não humanos.

Porém, com a derrota do nazismo na Segunda Guerra Mundial, as classes dominantes da Europa e dos Estados Unidos decidiram apadrinhar o movimento sionista. Viram nele uma grande oportunidade para alcançar algumas metas importantes para seus interesses de classe. Em consequência, passou a haver uma atuação simbiótica de parte dos governantes das potências ocidentais e a liderança do movimento sionista. Por um lado, retirava-se da Europa um enorme contingente de trabalhadores que se mostravam excessivamente combativos para os critérios admitidos pelas burguesias locais.

Por outro, instalá-los sob o comando de uma corrente plenamente afinada com os propósitos de dominação ocidentais num projeto colonialista numa zona estratégica do mundo representaria um grande passo para afiançar a defesa dos interesses capitalistas ocidentais de maneira permanente em futuros embates contra forças concorrentes. Portanto, a partir daquele momento, os judeus, que haviam sido perseguidos e massacrados pelas classes dominantes europeias, passaram a receber enormes estímulos para transferirem-se para a Palestina e, com isso, tornar viável a fundação do Estado de Israel. Que por ali já houvesse outro povo vivendo há milhares de anos não representava nenhum problema para os mentores dessa ideologia burguesa colonialista.

O que poderia significar as vidas dos palestinos diante dos interesses do grande capital? Nada, absolutamente nada! Entretanto, como uma das justificativas internas do capitalismo ocidental para validar suas agressões ao redor do mundo tem sido a alegação da defesa dos direitos humanos, eles agora estão meio aturdidos com a exibição das cenas de crueldade e perversidade das ações militares dos sionistas do Estado de Israel contra crianças, mulheres, hospitais, escolas, etc., na Faixa de Gaza. Como convencer seu próprio público interno de que não há nisso nenhuma violação flagrante dos direitos humanos que requeira medidas mais drásticas se, como recordamos, as forças militares da OTAN foram empregadas e causaram a morte de dezenas de milhares de civis líbios sob a mera insinuação de que as tropas de Muamar Khadafi pretendiam eliminar a uns quinhentos opositores?

Ante o rumor de uma aniquilação de 500 pessoas, a OTAN partiu para a efetivação de bombardeios que produziram mais de 20.000 mortes. A isso, poderíamos acrescentar os casos do Vietnã, do Iraque, da Síria, do Afeganistão, do Panamá, etc., etc., etc.

Provavelmente, nenhum desconforto estaria sendo externado na mídia corporativa e nos ambientes governamentais do Ocidente, se as atrocidades israelenses pudessem ter sido mantidas longe dos olhos do grande público. Porém, lamentavelmente para eles, as atuais tecnologias de envio de imagens não puderam ser controladas, e as cenas de horror acabaram por atingir os olhos daqueles que não deveriam vê-las.

Em consequência, o reboliço se formou em vários grandes centros do mundo capitalista ocidental. Estamos presenciando gigantescas manifestações de protesto pelas ruas das principais capitais europeias e dos Estados Unidos. Ainda estão ecoando os gritos para que se ponha fim às matanças terríveis cometidas pelos militares do Estado de Israel.

Em vista da impossibilidade de ocultar tantos crimes atrozes, as classes políticas dos países capitalistas, ou seja, aqueles que sempre atuaram como financiadores e protetores do Estado de Israel, estão se vendo na obrigação de marcar posição em diferenciação com as atitudes de seu pupilo preferido.

E é por isso que algumas tímidas críticas começam a pipocar, aqui e ali, entre os representantes dos estados que costumam sustentar e proteger Israel, e o eximem de qualquer responsabilidade por toda a perversidade que é feita contra o povo palestino.

Autor: Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ. Publicado no Site Viomundo.

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