A USP ocupa o primeiro lugar nos índices classificatórios das universidades brasileiras. A foto mostra seu campus arborizado em Ribeirão Preto.
“Quem faz
a faculdade é o aluno.” Não é bem assim e alguns alunos até conseguem se
superar em uma faculdade limitada, mas infelizmente nem todos. Muitos me
perguntam como escolher uma universidade.
Os índices classificatórios anuais de universidades, centros universitários e
faculdades induzem reflexões internas com reavaliação de seus objetivos e
planos, além de ajudar muito as pessoas a escolher uma delas para cursar. Mas,
só usar os índices não é o ideal, pois não são perfeitos e às vezes, são
distorcidos pela publicidade, interesses econômicos e políticos.
O que mais valorizar na hora de escolher a “sua” universidade? A primeira coisa é visitá-la, vale a pena perambular pelo “campus”, contemplar suas estruturas e, de preferência, em companhia de alguém que seja aluno ou professor da instituição. Visite ao menos três delas e faça uma planilha no celular para registrar seis constatações subjetivas muito importantes nesta escolha, independente se for estatal ou privada.
As seis constatações:
1.) Onde é a biblioteca e como ela é? A biblioteca tem um forte componente virtual com amplas bases de dados, acesso a revistas científicas, livros eletrônicos e espaço amplo para convivência entre as máquinas e usuários. Os computadores devem também estar em salas para seminários e experimentos em grupo. Deve ter bibliotecárias e funcionários bem treinados para orientar o usuário no que precisar e não apenas ter totens de instruções.
Além do virtual, há de se ter os clássicos e obras físicas para consultas e pontos de referências de buscas virtuais. A biblioteca sempre foi o coração da universidade, ela que pulsa na mente de seus componentes. Ela é ponto de encontro, inclusive na internet, pois nela deve estar o conhecimento universal. Um mestre de avaliações de universidades dizia: me mostre a biblioteca, o resto eu já presumirei o que encontrarei!
2.) Onde estão os professores quando não estão aula ou laboratórios didáticos? Procure conversar com os professores nos corredores, biblioteca, cantina e circule pelos locais onde convivem entre si, recebem os alunos e fazem reuniões. Analise o local onde ficam as salas de professores nas quais estudam e escrevem quando não estão em aula ou laboratórios.
3.) Onde estão os alunos quando não estão em aula ou laboratórios didáticos? Na visita à universidade, procure analisar onde circulam os alunos que não estão em aula: na cantina, biblioteca, laboratórios, conversando com os professores, discutindo sobre algum assunto em salas próprias para isso?
4.) Qual é agenda mês a mês do centro cultural da universidade? Se informe e visite o centro cultural da universidade, as exposições artísticas, culturais e científicas, os concertos e performances musicais e teatrais e outras atividades importantes na complementação da formação de um cidadão.
5.) Qual é a abrangência dos assuntos e interesses do principal evento
científico promovido pela universidade? O evento científico principal se
restringe à área de uma graduação ou envolve outros componentes paralelos de
interesse social, econômico e científico mais amplo? Percebe-se uma preocupação
com a formação completa do cidadão ou apenas com a parte técnica do ser
profissional?
6.) Converse com os alunos, professores e funcionários para checar o grau de
satisfação com o trabalho e veja o grau de integração entre as partes. Pergunte
sobre as aulas e se os professores que mais publicam artigos são os que também
tem contatos mais frequentes com os alunos da graduação e pós-graduação.
Reflexão final:
Estas constatações significam ambiência científica e cultural. O interesse não
deve ser restrito a uma arte ou ofício, o pulsar da universidade requer
abrangência de conhecimento na formação do cidadão. As opiniões devem
extravasar as salas de aulas e os laboratórios, envolvendo outros agentes da
sociedade convidando indústria, comércio, artistas e religiosos a participar.
Das mentes dos professores e alunos, apoiados por uma biblioteca ativa, o fluxo
de ideias e respostas devem pensar à frente da sociedade. É “para causar” que
existem as universidades no mundo, é para fazer evoluir!
Autor:
Professor Alberto Consolaro – Titular da USP – Colunista de Ciências do JC
Bauru.
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