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11 de outubro de 2023

Um amanhã muito distante!

 

Um dia destes qualquer, perguntei a um amigo, uma força viva da política da nossa cidade, se o partido do qual ele faz parte já havia decidido levar seu nome para a disputa das próximas eleições municipais em 2024 para concorrer ao cargo de prefeito.

Ele, muito simples e direito, me respondeu que somente um movimento de lideranças "não políticas", alheio às cúpulas partidárias, poderia viabilizá-lo. A política tradicional, infelizmente, ainda é conduzida por caciques. Que obviamente se protegem como se fossem uma sociedade secreta e os membros partidários só existem para cumprir formalidades jurídicas eleitorais, sendo que os que discordam ou são críticos mais contundentes acabam sendo marginalizados de todas as formas.

Isso explica em boa parte o porquê de assistirmos a cada dois anos as chapas contendo pré-candidatos sem a bagagem, experiência e apelo popular que todos gostaríamos de ver. Não obstante, isso explica como pessoas despreparadas são eleitas para a Câmara Municipal e a Prefeitura. Algo que nem precisamos pesquisar, porque em nossa cidade temos isso em grande número.

As conversas decisórias não acontecem nas reuniões coletivas abertas entre os correligionários dos partidos, mas infelizmente são praticadas por conchavos entre caciques. O famigerado “Toma lá dá cá” se mantém firme graças a esse tipo de postura antiga, venal e arcaica.

Para poder quebrar essa corrente perniciosa e que nos prejudica tanto, algo externo e com muita força coletiva, apelo popular e de opinião pública precisaria acontecer, caso contrário, ficaremos assistindo aos mesmos de sempre com as mesmas coligações, discursos vazios e distanciamento gigantesco das nossas mais simples necessidades a serem atendidas.

No modelo atual, não basta ter competência, boa formação, experiência, popularidade, espírito democrático. Tudo é levado para que, se não participar do esquema de interesses da elite, dos grupelhos e dos nocivos interesses por cargos dos indivíduos políticos, o postulante não tem chance alguma de se quer de ser apoiado internamente pela cúpula partidária. 

Haja força interna para lutar e dar cotoveladas. Os postulantes sérios têm família, ética, trabalho intelectual realizados e em andamento. A nossa dura realidade que não é normalmente falada aos quatro cantos e sim em agendas ocultas é essa descrita acima. E se não acontecer movimentos populares com força política e determinação, partindo de um grupo de formação de opinião não comprometido, não viabilizará ninguém fora dessa cúpula já totalmente comprometida.

Quando ouvimos alguém dizer que o Brasil não é para amadores, lembre-se, essa frase não poderia ser mais verdadeira. Só que o profissionalismo exalado na frase não é o do bem, mas sim, aquele do jeitinho brasileiro de levar vantagem em tudo, ou quase tudo.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.

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