Muitos bauruenses conseguem sentir o odor muito forte, talvez parecido com enxofre, que é exalado nas proximidades da Praça das Cerejeiras, local onde fica a sede do governo. Vazamento de gás já foi descartado e não é problema na tubulação que leva o esgoto para muito longe daquele local.
Desde a posse do último prefeito, esse cheiro tem se acentuado e incomodado uma grande parcela dos moradores da cidade.
Sempre que os 17 vereadores empossados discutem algum processo de Comissão Especial de Inquérito (CEI), nota-se que o cheiro se acentua e se expande pela cidade. Chegando inclusive as dependências daquela casa de leis da municipalidade.
A democracia é feita por mecanismos que possibilitam que o Poder Legislativo seja o fiscalizador das ações do Poder Executivo e, se algo estiver comprovadamente com problemas junto as leis, isso é enviado ao Poder Judiciário. Entretanto, em nossa cidade, esse mecanismo que deveria funcionar perfeitamente, sofre com problemas nas engrenagens.
Ou seja, os eleitores elegem a cada quatro anos uma nova bancada de vereadores, assim como um novo prefeito, ou reelege o que está ocupando o cargo. Sem perceber, acabam elegendo quem não tem discernimento, conhecimento das leis e quer apenas um cargo, um meio de sobrevivência para quem sabe seguir carreira política em voos mais altos.
Para poder cumprir seus ideais, normalmente esse tipo de político age como se fosse uma ostra grudada no casco do navio: se este afundar, eles estarão grudados até o fundo do mar. Mas enquanto o navio estiver flutuando em águas mansas eles desfrutam de visibilidade e se aproveitam para lucrar com cargos e muito poder na administração municipal.
Portanto, isso explica, em parte, por que existe tanta dificuldade em abrir um processo de CEI em Bauru. Além disso, depois de aberto, a dificuldade dobra no que tange à montagem da comissão e à elaboração do relatório final. Após essa etapa, o relatório entra em votação em plenário e é constantemente recusado por uma margem de oito a onze votos.
Fica claro que a sociedade tem a seu favor cinco ou sete votos no máximo. Os demais são destinados a sustentar a prefeita, esteja ela certa ou errada, seja culpada ou inocente, seus fiéis escudeiros movidos a interesses nem sempre republicanos, que obviamente desconhecemos pois são parte da agenda oculta da máquina municipal. Foram ao longo de quase três anos de gestão seis CEI’s instaladas:
· CEI do Plano Diretor de Águas;
· CEI da Fundação Estatal Regional da Saúde;
· CEI da Pandemia;
· CEI das Desapropriações da Educação;
· CEI da Palavra Cantada;
· CEI da Contrapartidas.
Talvez seja esse o motivo do cheiro de enxofre que os que possuem narinas mais apuradas sentem ao passar próximo ou entre as duas casas de poder da cidade de Bauru. O cheiro que não é do esgoto residencial, odor que é muito pior, porque saí das profundezas da sujeira da nossa política que não é praticada em prol do povo.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
Nenhum comentário:
Postar um comentário