O assassinato do candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio na noite de ontem (10/08/23) numa emboscada demonstra que a América do Sul permanece sendo o eterno quintal da violência, atraso cultural, educacional e palco do domínio das organizações criminosas, como por exemplo: Narcotráfico, Milícias, entre outras.
A instabilidade política com seguidos golpes ou tentativas de derrubada de presidentes, com ou sem apoio militar, afastam o continente do primeiro mundo. Isso explica em parte a estagnação da indústria, o distanciamento da educação e as condições deploráveis da saúde pública e do saneamento básico neste continente. O Equador, assim como a Bolívia e o Peru, são alguns dos exemplos desta instabilidade política e econômica da América do Sul.
O candidato, que fazia um evento eleitoral na cidade de Quito, capital do Equador, recebeu três tiros na cabeça e faleceu no local. A organização criminosa Los Lobos, considerada uma das mais poderosas do país, anunciou que é a responsável pelo assassinato do candidato que estava em 4º lugar nas pesquisas com menos de 10% de intenções de voto.
A entidade afirmou que Villavicencio havia feito acordos com Los Lobos e não cumpriu suas promessas. “Queremos deixar claro para todos que cada vez que políticos corruptos não cumprirem com suas promessas antes estabelecidas, quando receberem nosso dinheiro - que são milhões de dólares -, para financiar suas campanhas, serão executados”, diz um porta-voz rodeado de outros criminosos. A polícia não confirma a veracidade do vídeo.
"Assumimos a responsabilidade pelos fatos ocorridos esta tarde (a morte de Villavicencio) e afirmamos que eles se repetirão quando os corruptos não cumprirem suas palavras", completam os criminosos.
Percebam que neste caso, o problema não era político, mas sim, de origem ligada as organizações criminosas, que mandam em todo território equatoriano. Não é diferente nos demais países que compõem o continente.
Entre questões políticas específicas de cada país, a violência na América Latina reflete quase sempre a crescente insatisfação com a desigualdade social, insegurança e o apelo a serviços públicos de qualidade. O desejo é antigo e vem da indignação com séculos de dependência econômica, concentração de renda, pobreza, corrupção e violência.
Não poderia ser diferente o fato de que América do Sul e a América Central lideram o ranking de homicídios no planeta. Também abrigam 77 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema, vivendo com US$ 1 a US$ 2 por dia. A região ainda amarga atraso histórico na industrialização da economia.
“Temos a sombra de estarmos sempre a reboque da história, uma noção de que a modernidade para nós é algo incompleto e de que vivemos em uma situação de eterno atraso, porque fazemos parte do Ocidente, mas ele nos coloca em uma posição de constante passo atrás”, reflete o historiador Marcos Sorrilha, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).
“Perdemos; outros ganharam”. Assim, o escritor uruguaio Eduardo Galeano, morto em 2015, resume a relação entre latino-americanos e os países ricos em seu livro mais famoso, “As Veias Abertas da América Latina”. Para ele, a colonização seria o início do problema, ao posicionar a região como uma fornecedora de recursos para outras nações.
Ao ver, no Brasil, governadores de alguns Estados com suas gestões andando para trás, incentivando ações criminosas das forças policiais, ignorando avanços sociais, desprotegendo os mais necessitados e excluindo-os de programas de governo em suas políticas públicas, tirando livros dos alunos do fundamental para favorecer empresas privadas ou ainda impondo censura aos professores com o uso de diretores de escolas, são exemplos da pequenez dos nossos políticos.
Autor: Rafael Moia Filho - Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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