"O problema não é que as pessoas tenham
opiniões, isso é ótimo. O drama é que as pessoas
tenham opiniões sem saberem do que falam."
José Saramago
Embora possam alegar coincidências, alinhamento de três ou quatro planetas com a Lua e a Terra, a verdade é que desde a ascensão do bolsonarismo ressurgiram coisas que achávamos não existir ou que já estavam completamente eliminadas da nossa convivência.
O racismo nunca esteve tão presente em nossa sociedade como atualmente. Mesmo com leis sendo difundidas a exaustão colocando-o como crime inafiançável, ele se faz presente em diversos segmentos da sociedade, inclusive no meio policial, onde jamais deveria ser tolerado.
Os avanços e as conquistas relacionadas aos movimentos LGBTQIA+ nos governos anteriores foram desprezados, jogados numa vala comum pelo atual governo que se apoia em pastores evangélicos conservadores e homofóbicos doentes. Embora soneguem impostos, cometam charlatanismo e outros ilícitos, usam da palavra “família” para justificar seu ódio às pessoas destes movimentos.
Os índios que estavam avançando na proteção aos seus territórios, determinados pela Constituição e sob a guarda do STF começaram a ser dizimados desde a posse do presidente Bolsonaro, que é fiador de madeireiros ilegais, garimpeiros e outros bandidos que tomam áreas indígenas e, quando confrontados, mandam matar as lideranças destes povos.
E, para completar essa ode ao absurdo e a volta à idade média, estamos assistindo o ressurgimento do nazismo, algo que nunca prosperou no país, sempre esteve atuando escondido como se vivessem num umbral. Pois este governo incentiva, não criminaliza e até tem simpatizantes do ódio nazista para com diversos segmentos da sociedade.
Um secretário de governo foi flagrado com um quadro nazista em sua sala durante uma live. O filho do presidente em visita a Israel teve a capacidade de dizer que o nazismo era de origem de esquerda, esquecendo o biltre que foi justamente a URSS quem derrotou o nazismo alemão na primeira e segunda guerra mundial.
Nesta semana Monark, um dos apresentadores do Flow Podcast, viu o mundo ruir após a repercussão de sua fala nazista e antissemita enquanto entrevistava a Deputada Tabata Amaral e o Deputado Kim Kataguiri, que não o impediram, diga-se de passagem. Teve a coragem de tentar se justificar alegando estar bêbado.
A pergunta que fazemos é onde essa gente habitava? O que eles comiam? Do que sobreviviam? Como se reproduziam? Porque bastou Bolsonaro tomar posse para que eles surgissem no país como Gremlins. Brotando do asfalto e tomando posse da bandeira nacional e da internet, em especial dos Podcasts, do YouTube e de canais que dão voz à direita, aos movimentos contra vacinas, apologia ao nazismo, fascismo e racismo.
Os governos futuros, se não forem da mesma escória do atual, terão muito trabalho pela frente para reconstruir o país, recuperar direitos e garantias perdidas. E o pior, ensinar nossa gente que ter direito à liberdade de expressão não significa ter carta branca para cometer crimes como os citados acima contra quem quer que seja da nossa sociedade.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger, Analista Político e Graduado em Gestão Pública.
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