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11 de outubro de 2020

Eterna armadilha em Bauru!

 “O desafio da nossa geração não é escolher entre o capitalismo e o  

comunismo, entre o final da história ou o retorno da história, mas sim,

entre a política de coesão social baseada em propósitos coletivos

e a erosão da sociedade mediante a política do medo”. Tony Judt

A cidade de Bauru parece estar presa numa armadilha de um interminável “Show de Truman” *, um show de horrores, no qual os mesmos atores, com raras exceções, voltam a cada quatro anos para mais um giro nesse carrossel chamado eleições. Uma situação tediosa, que ao invés de aglutinar boas opções em torno de tantas coisas a serem realizadas, servem apenas para afastar cada vez mais os eleitores das urnas.

A cidade fica restrita aos mesmos nomes das mesmas correntes políticas há anos, inclusive para o cargo de vereador, onde raramente nomes novos se sobrepõe aos mesmo de sempre.

Nestes últimos vinte a vinte e cinco anos nada surgiu no horizonte que pudesse alterar esse quadro de completa estagnação da cidade, que está gradativamente sendo ultrapassada até por cidades menores na região.

Estamos há pouco tempo de uma nova eleição e muitos bauruenses novamente reclamam nas ruas e nas redes sociais sobre o fato de termos 14 candidatos a prefeito e a maioria não enxerga nestes um nome sequer que possa mudar o ritmo da decadência pela qual a cidade está há anos.

Prevendo essa situação eu escrevi um artigo alguns meses atrás quando ainda não sabíamos os nomes dos candidatos e falei sobre isso também na rádio, alertando que os partidos políticos eram os grandes responsáveis por não buscarem alternativas com capacidade, conhecimento e experiência em gestão pública que pudessem dar aos eleitores opções para seus votos.

Antigamente os partidos políticos formavam quadros em suas fileiras, buscavam nas associações de bairros, nas faculdades em grêmios estudantis, na comunidade pessoas com enorme potencial para serem ocupantes de cargos públicos. Hoje em dia, a busca pelos recursos do fundo partidário sobrepõe a escolha dos melhores candidatos.

Não buscam mais arquitetos, engenheiros, gestores públicos, administradores renomados, pessoas qualificadas e prontas para exercer quaisquer cargos públicos no país.

Não tenho nada contra as pessoas que estão concorrendo a prefeito neste pleito, porém, não posso me furtar a dar minha opinião até porque muitos a buscam sabedores que são da minha formação e experiência neste assunto. Não vejo sinceramente alguém neste grupo que possa reverter os sérios problemas acumulados ao longo de tantos anos.

O que devemos fazer? Como proceder numa situação como essa? Essa situação não é exclusiva de Bauru, cito três exemplos que provam isso:

Bariri – 36 mil habitantes – 4 candidatos – Nenhuma boa alternativa entre eles.

Bauru – 380 mil habitantes – 14 candidatos – Nenhuma boa alternativa entre eles.

Rio de Janeiro – 6.748.000 habitantes - 14 candidatos – Nenhuma boa alternativa entre eles.

          Vejam que o problema é mais amplo. Os partidos precisam de uma resposta da população, uma cobrança em cima do desprezo com o qual tratam os eleitores brasileiros. Isso explica, em tese, o aumento da abstenção, votos nulos e brancos, não que devamos fazê-lo, mas justifica em parte esse fenômeno que cresce a cada nova eleição.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

* Truman Burbank é um pacato vendedor de seguros que leva uma vida simples com sua esposa Meryl Burbank. Porém algumas coisas ao seu redor fazem com que ele passe a estranhar sua cidade, seus supostos amigos e até sua mulher. Após conhecer a misteriosa Lauren, ele fica intrigado e acaba descobrindo que toda sua vida foi monitorada por câmeras e transmitida em rede nacional.

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