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21 de agosto de 2020

Duplamente enganados!


“Tudo já foi dito uma vez,
mas como ninguém escuta
é preciso dizer de novo"
André Gilde



As eleições gerais de 2018 ficarão para sempre marcadas não pelo resultado que apontou a vitória do ex-deputado com 28 anos de passado sem glória na Câmara Federal, mas pelo uso de milhões de mensagens de Fake News que inundaram as redes sociais e o WhatsApp dos brasileiros.
O uso da disseminação da desinformação através de mentiras, em geral denegrindo adversários políticos via WhatsApp financiadas por empresários que contrataram empresas para o disparo das mensagens foi fundamental para o sucesso da campanha de Jair Bolsonaro.
Apoiado no episódio da faca sem sangue em Juiz de Fora, evitando assim o que mais temia, que eram os debates no rádio e na televisão, o uso do WhatsApp foi uma peça chave para a abordagem concebida pela campanha eleitoral de Bolsonaro.
Circularam a exaustão mensagens contra Ciro Gomes, Marina Silva e o candidato Fernando Haddad do PT. Foram inventados o Kit Gay, a Mamadeira de Piroca, a farsa de que Haddad defendia sexo entre pais e filhos e muito mais. Crimes que apesar da gravidade e de terem sido decisivos nas eleições, ficaram impunes junto ao TSE, a Policia Federal e ao STF. Isso sem contar a manipulação de informações pelos promotores e o ex-juiz Moro divulgando dados imprecisos e falsos as vésperas do pleito eleitoral.
Outros partidos usaram deste expediente em menor escala, porém, com uma diferença fundamental, usaram para divulgar seus candidatos e plataformas, não para mentir, denegrir e desinformar o eleitorado.
A Yacows, uma das empresas contratadas oferecia além dos disparos de WhatsApp, a venda de cadastros com números de celulares atrelados a CPF, títulos de eleitor, perfil social e econômico. A página da plataforma Bulk Services, pertencentes a Yacows, anunciava como chamariz para a clientela duzentos e quarenta milhões de linhas de celular com perfil atrelado. Cem milhões de títulos de eleitores, cruzamento de dados cadastrais com eleitorais, campanhas segmentadas por zona eleitoral e dados georreferenciados por Estado, cidade e bairros.
E o brasileiro acreditando em vitória graças ao ódio ao PT ou nos discursos de um mito vazio, o capitão que iria mudar o país. Pois bem, ledo engano, os métodos utilizados pela equipe de campanha através de empresários bolsonaristas deveria ter sido punido exemplarmente pelo TSE. Por isso que o presidente tem pavor das medidas adotadas pelo STF contra Fake News, elas chegam diretamente ao coração da sua campanha política e de tudo que fez após a posse contra seus adversários políticos.
Não são suposições, o próprio WhatsApp reconheceu em 04 de outubro de 2019, que a sua plataforma tinha sido usada de forma irregular na campanha de Bolsonaro.
Aliás, desde há muito tempo, talvez 2013 ou 2014, que nas minhas redes sociais, e-mails e depois o WhatsApp, recebi centenas de mensagens contra o PT, Dilma, Lula, os filhos de Lula, e, sempre que eu pesquisava acabava confirmando que boa parte delas eram Fake News. Fazendas inexistentes, empréstimos, cargos, enfim, toda gama de desinformação possível contra aquele grupo.
Isso foi um trabalho longo de desconstrução de um partido, realizado por pessoas ligadas ao PSDB, depois ao bolsonarismo. Nunca se preocuparam em falar a verdade, provar aquilo que estavam passando à exaustão através do disparo em massa via os chamados robôs.
Neste caso, o Brasil é um campo fértil, porque os políticos não querem participar de uma eleição onde as ideias, projetos e os ideais sejam a base da campanha, então mentir, desinformar e se aproveitar da pouca escolaridade e da fraqueza da maioria do nosso povo é muito mais fácil e garantido. O brasileiro em geral gosta de ser enganado...


Autor: Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

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