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3 de janeiro de 2020

2019 - Sem retrospectivas - Um ano para se esquecer!

A utopia está lá no horizonte.
 Aproximo-me dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos, ela se afasta dez passos.
Por mais que eu caminhe jamais a alcançarei.
A Utopia serve para que jamais
deixe de caminhar em sua direção.
Eduardo Galeano

Esta época do ano, temos nas emissoras de televisão os famosos programas que mostram as retrospectivas do ano que está terminando, e que servem apenas para nos lembrar de todas as desgraças que aconteceram ao longo do ano. São dezenas de mortes, eleições e eleitos que geralmente queremos esquecer, tragédias, muitas tragédias, acidentes, coisas que na verdade gostaríamos de nunca ter que lembrar.
Os diretores das emissoras imaginam que estão nos fazendo um imenso favor, quando na verdade, estão nos impingindo uma dose a mais de estricnina na veia.
No caso brasileiro, 2019 em particular, foi um ano pródigo em nos trazer notícias ruins a cada novo dia. Desde a morte prematura e difícil de aceitar do brilhante jornalista Ricardo Boechat em janeiro até o deslizamento de terras da Vale do Rio Doce em Brumadinho com a morte de 249 seres humanos, além do prejuízo incalculável para o meio ambiente.
Um ano daqueles que ficarão marcados como o Ano do Mau Agouro, no horóscopo chinês, se houvesse, deveria ter sido o ano do Verme peçonhento. Pesado, triste, com mudanças climáticas que prenunciam futuro sombrio para a humanidade ao mesmo tempo que desprezados por pseudos líderes mundiais.
Os eleitores foram pródigos em conseguir eleger políticos piores dos que os que estavam nos cargos em muitos países da Américo do Sul e na Europa, com a ascensão da direita e da extrema direita, em muitos casos permitindo o renascimento de movimentos fascistas. No caso do Brasil, do movimento Integralista.
A Hungria, Itália, somam-se ao Brasil e independente de ideologia partidária, elegeram políticos piores do que os que já estavam no poder. Até o antes tranquilo Chile, está pagando um preço altíssimo com revoltas, manifestações nas ruas e muitas mortes e prejuízos depois que o presidente Sebastián Piñera assumiu o poder e promulgou reformas e decretos extremamente prejudiciais a sociedade chilena.
A Bolívia, Venezuela, Equador e outros países da América do Sul vivem períodos turbulentos, com instabilidade econômica e tem em comum com o Brasil o imenso fosso que separa classes sociais. Com minoria milionária pagando pouco ou nenhum imposto e uma maioria na linha da miséria, intercaladas pela classe média que paga a maior parte dos impostos e fica exprimida entre os dois extremos.
 O meio ambiente é um segmento que quer esquecer 2019. No Brasil, nunca houve tantas queimadas e destruição de matas, por latifundiários em busca de terra para transformar em pastos, plantio e loteamentos como está ocorrendo em Alter do Chão – PA.
Tudo com a benção do governo Bolsonaro, que ceifou o Ibama e demais órgãos que poderiam controlar a situação. Em virtude dessa sanha por terras, índios estão sendo massacrados no norte do país sem que as forças policiais, exército e poder judiciário façam alguma coisa para protege-los da extinção.
Não temos consolo, ao contrário de anos anteriores quando dizíamos que o ano novo poderia trazer mudanças e novos ares, sabemos de antemão que 2020 será apenas e tão somente a continuação dos males causados por uma eleição equivocada de 38% dos eleitores. Haviam opções no primeiro turno, mas o país buscou as piores e levou para o segundo turno o antagonismo e o atraso em forma de luta ideológica estúpida e sem razão.
O Brasil virou pária dos EUA e o preço a ser faturado é algo que levará muitos anos para que possamos reaver. Nossa Nação se sujeitou a ser capacho e não liderança mundial. Deixamos de tentar o protagonismo para vivermos nos envergonhando perante o mundo moderno.

Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Graduado em Gestão Pública.

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