Estava me recuperando de uma cirurgia,
quando tive a oportunidade de conversar com uma pessoa que vive em Bauru – SP,
é prestador de serviços, tem ensino superior completo e vive com a sua mãe e um
filho.
As estórias relatadas são muito dificeis
de serem assimiladas por pessoas normais que amam o próximo e são tementes a
Deus, independentemente da religião professada. Estas pessoas que possuem
recursos financeiros, sendo ricas ou não, demonstram um profundo preconceito
para com pessoas humildes que embora honestas e trabalhadoras, vivem numa outra
realidade social, não menos importante e digna.
Algumas pessoas não conseguem disfarçar
sua intolerância para com menos favorecidos economicamente, aqueles que por culpa
de um sistema econômico e político cruel e perverso não tiveram acesso às boas
escolas, não puderam ter alimentos fartos à mesa, nem a bons empregos ou a
chamada “boa vida”.
Muitas destas mesmas pessoas estão
próximas daquilo que denominamos ser uma “boa vida”. Tiveram acesso à educação
de qualidade, embora não se possa provar que aproveitaram dela com maestria e inteligência.
São pessoas vazias, sem conteúdo e que
de vez em quando sem o menor esforço entregam seus pensamentos e revelam sua
personalidade torpe e ignóbil.
Odeiam pobres, odeiam emergentes (novos
ricos), odeiam políticos que não sejam da elite tradicional do país, amam a si
mesmo, não cultuam nada que não seja fashion ou moda em Nova York ou Paris.
Me recordo da artista Danusa Leão quando
ela deixou claro este pensamento ao pronunciar a frase:” ir à Nova York ver os musicais da
Broadway já teve graça, mas, por R$ 50,00 mensais, o porteiro do prédio também
pode ir, então, qual é a graça?”
Infelizmente essas pessoas pensam que
agir dessa forma é normal. Não veem as pessoas mais simples, trabalhadoras e
honestas como iguais. Acho que realmente essas pessoas não são iguais, por que
são muito superiores.
Perante a sociedade estes seres
inomináveis agem como se fossem benevolentes, sociáveis e amáveis com o
próximo. Alguns fazem até caridade e acham que o gesto isolado os levará a um
patamar maior quando partirem.
Por motivos óbvios vou omitir o nome e a
profissão do rapaz que viveu na pele estas situações desagradáveis e
impensáveis ao longo dos últimos anos:
1. Já tive uma
cliente na Zona Sul, que ordenou a sua empregada que jogasse o copo fora após
eu ter tomado água no mesmo.
2. Numa outra
residência na mesma região, ele foi impedido de tocar o interfone, a patroa
ordenou que eu mandasse mensagem via celular para a empregada, que então
abriria o portão da área de serviço.
3. Ele já ouviu
várias vezes proprietários de casas dizerem que “pobres” são orgulhosos...
4. Outro dia,
estava fazendo o serviço numa residência, quando percebeu que o dono da casa
estava precisando de auxilio, imediatamente, ofereceu seus préstimos, no que o
proprietário virou e respondeu:
_ Não vou
aceitar ajuda de um mero prestador de serviços.
5. Uma ocasião, o
proprietário da residência pediu para que eu ficasse quieto, por que um
trabalhador não entendia sobre o que era Meio Ambiente... (Sendo que o rapaz é
formado e tem curso superior).
6. Na época em que
estava cursando a Faculdade, um cliente perguntou se estava fazendo o curso
superior para ser graduado como “Prestador de Serviços” diplomado...
São alguns
pequenos exemplos que ilustram como vive e pensam aqueles com quem convivemos
nas igrejas, no comércio, nas ruas, enfim na nossa vida cotidiana dentro da
cidade de Bauru. São estas pessoas preconceituosas que votam e que muitas vezes
estão no poder ou muito próxima dele para decidir pelo conjunto da nossa
sociedade.
Estes são os
exemplos mais leves, poupei o texto das coisas mais tristes e sem sentido,
quando pensamos que vivemos entre seres humanos. Não estou generalizando,
porém, serve o alerta para uma profunda reflexão, antes que seja tarde.
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