A injustiça num lugar qualquer
é uma
ameaça à justiça em todo o
lugar.
Martin Luther King
Recentemente um jovem advogado
discutiu dentro de um avião com um dos ministros do STF – Dr. Ricardo
Lewandowski, dizendo em alto e bom tom que o órgão era uma vergonha nacional. O
ministro pediu que a comissária de bordo chamasse um agente da PF. A seguir o rapaz foi levado à sala da
PF para interrogatório e o assunto ganhou as ruas e as redes sociais no país. A
questão que ficou é a seguinte: Devemos sentir vergonha do STF ou não?
Ao colher alguns números sobre aquela
corte máxima da justiça nacional, confesso que passei do sentimento de vergonha
para o de completa indignação. São números astronômicos incompatíveis com a
situação do trabalhador brasileiro que beira a penúria.
Os dados a seguir demonstram que algo
fugiu do controle e com certeza não são os benefícios concedidos aos
aposentados, nem aos trabalhadores da iniciativa privada. Não vejo nada no
horizonte que possa me fazer acreditar numa mudança drástica que levasse a
redução destes gastos nababescos protagonizados justamente pelo único poder que
tem a obrigação de zelar pela ordem moral e legal.
Vamos aos números que assombram:
O Supremo Tribunal Federal – STF é
constituído de onze ministros indicados pelo Presidente da República com
vencimentos médios de R$ 47.000,00 dentro de um orçamento que gira em torno de
meio bilhão de reais ao ano (R$ 544 milhões).
Essa quantia maior que a maioria dos
orçamentos das cidades brasileiras serve para poder manter uma estrutura que
contém entre outras coisas:
-
2.442 servidores (Média de 222 por ministro; sendo, 85 secretarias, 194
recepcionistas, 24 copeiros, 27 garçons, 293 vigilantes, 116 serventes de
limpeza, 7 jardineiros, 6 marceneiros, 19 jornalistas, 5 publicitários, 10
carregadores de bens, 10 encadernadores, 58 motoristas para 87 veículos.
Isso faz com que o STF tenha gastos de
R$ 9,2 milhões com veículos, R$ 15,7 milhões com despesas médicas e
odontológicas e R$ 12,7 milhões com alimentação.
Tudo isso acontecendo no mesmo Brasil
que possuí aproximadamente 30 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha da
pobreza, sem saneamento, emprego, educação e saúde. No mesmo país de 50 milhões
de analfabetos e semi-alfabetizados que não conseguem entender ou receber
informações sobre o mundo maravilhoso em que vivem os onze ministros do STF.
No Brasil de mais de 60 mil
assassinatos ao ano, estes números servem para matar a esperança de dias
melhores para a nossa sociedade.
Autor:
Rafael Moia Filho: Escritor, Blogger e Gestor Público.
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