“Jornalismo é publicar o que
alguém
não quer que seja publicado:
todo o restante é publicidade”
George Orwell
Ao longo dos últimos anos, sempre que nos aproximamos das eleições, surgem boatos de fraudes nas urnas eletrônicas. O objetivo às vezes é tentar justificar a derrota de um partido ou até a vitória de outro que não é do agrado ideológico de quem espalha a notícia.
Infelizmente, o nível dos candidatos é tão
baixo que muitos chegam a fazer campanha com o número errado (acredite, isso
acontece muito), ou simplesmente seus eleitores, os poucos que imagina ter, dizem
que votou nele, mas a bem da verdade, não quiseram ou não souberam votar no
referido candidato.
A urna eletrônica não é implantada em
muitos países por questões puramente financeiras, visto que sua implantação é
cara dependendo do tamanho do país. No quesito "segurança", não há
como negar a eficiência do equipamento e de todo o sistema criado para
empregá-la.
Para citar apenas um único sistema de
segurança que impediria de acontecer o que é narrado nos posts nas redes
sociais, destaco a "votação paralela", que consiste no seguinte:
Essa coisa de dizer que há fraude na
urna eletrônica é mais ou menos como dizer que viu um OVNI, ou que Elvis não
morreu, ou que foram os próprios Estados Unidos que mandaram derrubar as torres
gêmeas. São apenas teorias da conspiração que encontram eco naquilo que algumas
pessoas da sociedade querem ouvir, não nos fatos.
É óbvio que a votação paralela não é o
único sistema de segurança, nem sequer é o mais importante. Há dezenas de
outras formas de segurança que funcionam conjuntamente.
No dia da eleição duas urnas de cada Estado
são sorteadas por uma comissão composta por servidores da Justiça Eleitoral,
membros da magistratura, membros do MP, membros da OAB e dos Partidos
Políticos. Essas urnas são retiradas das seções eleitorais onde seriam
utilizadas e levadas de helicóptero para a sede de cada um dos 27 Tribunais
Regionais Eleitorais. Lá, os membros da comissão votam aleatoriamente em quem
desejarem e seus votos são filmados. Depois, o resultado da votação é conferido
com o resultado da urna. Até hoje jamais ocorreu uma única divergência entre as
filmagens e o resultado da urna.
Um caso famoso que foi publicado pela
Revista Veja é o da candidata à vereadora em Guajará-Mirim, interior de
Rondônia. Edilamar Quintão Pimentel (PTN-RO) descobriu, na última hora,
que fez toda a sua campanha com o número errado. A postulante digitou seu
número de campanha na urna e verificou que não estava registrado. O número
correto da candidata era 19.789, porém os santinhos – com erro de impressão
– informavam o número 19.159.
Segundo o 1º Cartório Eleitoral, uma
audiência pública foi realizada logo após o deferimento das candidaturas de
Guajará-Mirim para resolver possíveis erros e alterações, mas a candidata não
compareceu para verificar seu número. Edilamar, que fez toda a sua campanha com
um número errado, não conseguirá receber nem o próprio voto.
Assim como a incauta Edilamar, muitos
são os candidatos colocados sem critérios técnicos pelos partidos e que mal
sabem ler e escrever. Culpar a urna pelo fracasso eleitoral é mais simples do
que admitir fraquezas, péssimas indicações ou até campanhas realizadas apenas
para justificar o contingente necessário de candidato por chapa.
Em SP há 23 anos o PSDB vence as
eleições para Governador. Eleições que foram realizadas sempre no mesmo dia e
horário das demais (Presidente, Senadores, Deputados Federais e Estaduais), sem
que ninguém jamais questionasse a vitória daquele partido. Estranhamente quando
se fala de fraudes, essas são imaginadas pelos membros das redes sociais
justamente no pleito para Presidente. Será que as urnas são fraudadas apenas
para um resultado, deixando que os demais fiquem acima de quaisquer suspeitas?
O sistema nunca foi implantado nos EUA
ou em outras Nações por que seu custo é muito alto, desde a implantação até sua
manutenção. No caso particular dos americanos, suas cédulas de votação contêm
muitas informações, muitos candidatos a delegados e ainda cada Estado promove plebiscitos
diferentes. Temos um sistema que é melhor e mais
seguro, mas por motivos desconhecidos, ignoramos e achamos que o voto em papel
é melhor nos outros países. Pobre país que copia o que não presta e não
valoriza o que é inteligente.
Autor: Rafael Moia Filho – Escritor, Blogger e Gestor Público.
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